Seja na vida pessoal ou na profissional, o início de um novo ano é a época de abrir o caderninho de metas e se planejar para os próximos 12 meses que virão. Mas embora o planejamento financeiro seja essencial para as empresas crescerem saudáveis, investirem e se manterem no mercado, essa não é a realidade de muitas organizações.
No Brasil, menos de 40% das empresas criadas no País conseguem sobreviver após cinco anos de atividades, segundo a pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que reúne números até 2019.
A administradora Jéssica Dias, coordenadora da QuallyCred, empresa sediada em Tatuí (SP) que antecipa recebíveis, explica que a falta de planejamento pode fazer com que os empresários corram o risco de não conseguirem honrar os compromissos firmados ao longo do ano.
“No início do ano, as empresas têm uma grande demanda, visto que, além das contas, ainda estão enfrentando a recuperação do final do ano anterior, com décimo terceiro, folha de pagamento acumulada, brindes e benefícios extras. O planejamento nos ajuda a controlar e organizar as prioridades, pois, com ele, conseguimos enxergar o nosso fluxo de caixa com exatidão”, comenta.
Para ela, a principal falha que as empresas cometem na hora de fazer o planejamento é não pensar nos imprevistos e ter uma reserva para isso. Essa falta de organização pode acarretar problemas como desordem no fluxo de caixa e, consequentemente, contas e fornecedores atrasados.
“As contas comuns podemos controlar fazendo uma contenção de gastos, porém, nunca estamos preparados para os imprevistos, o que dificulta ainda mais o planejamento”, continua.
Vanessa Giraldelli é coordenadora administrativa de uma empresa que gerencia cartões de benefícios, em Tatuí, e entende a importância de fazer o planejamento financeiro todos os anos.
“Geralmente no final de setembro, início de outubro já estamos nos preparando para o planejamento do ano seguinte. É uma ferramenta indispensável para as empresas definirem suas metas e objetivos a curto, médio e longo prazo, e facilita muito. A projeção de despesas e receitas nos ajuda a definir os resultados da empresa, e nos permite ter um controle dos gastos ao longo do ano”, conta.
Para quem é empresário e não sabe como fazer o planejamento financeiro do seu negócio, Jéssica dá algumas dicas: “pense sempre além, dos imprevistos, e, se possível, tenha um caixa para conseguir passar pelos mesmos sem tem que afetar o seu fluxo já planejado. No final do ano, faça uma possível contenção de gastos para que no início do ano possa ter um reflexo menor de novas contas a pagar”.
Dinheiro antecipado
Se mesmo assim as coisas não saírem conforme o previsto, a antecipação de recebíveis é uma solução para socorrer as empresas que não se planejaram ou que falharam no planejamento. Através dela, é possível receber o valor das vendas a prazo de maneira adiantada e usar o dinheiro para atender às necessidades imediatas do negócio.
Esse recurso financeiro possui algumas vantagens em relação a outras linhas de crédito, como taxas de juros mais baixas do que as impostas pelos empréstimos convencionais e facilidade de contratação.
É justamente por isso que a empresa de Jéssica costuma ter uma maior procura por antecipação de recebíveis no início do ano. “A nossa demanda aumenta já no começo de janeiro. Isso é reflexo das contas de final de ano e início de ano”, conta.
No entanto, apesar de a antecipação de recebíveis ser uma alternativa imediata, a longo prazo é preciso haver planejamento para que a empresa consiga avançar. Ela pode, inclusive, continuar optando por esse recurso financeiro, mas de forma estratégica, como para investir em tecnologia.
Com o planejamento em mãos, a empresa de Vanessa acaba recorrendo à antecipação de recebíveis apenas para alinhar o fluxo de caixa em períodos específicos dos meses. “Por se tratar de um produto de fácil contratação e com um custo bastante acessível, ajuda a empresa a evitar empréstimos e financiamentos”, reforça.