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11 de setembro de 2024

Maioria dos contratos investigados em operação da PF contra desvios de recursos públicos em Sorocaba foi feita no atual governo

Um dos mandados cumpridos pela PF foi na secretaria de Saúde de Sorocaba (SP) — Foto: Reprodução/TV TEM

Prefeitura de Sorocaba disse que a operação apura contratos firmados antes da atual administração. No entanto, dos contratos investigados, a maioria foi firmada entre 2022 e 2023. Prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) afirmou que ‘em nenhum momento o prefeito é investigado nesse caso’.

A maioria dos contratos investigados na operação da Polícia Federal contra desvios de recursos públicos em Sorocaba (SP) foi feita na atual gestão municipal. A ação da PF, realizada nesta quarta-feira (11), fez buscas na Secretaria de Saúde municipal e em um condomínio de luxo em Araçoiaba da Serra (SP), e investiga suspeita de superfaturamento e direcionamento de licitação para uma empresa e uma entidade ligadas à família de um ex-diretor da Empresa de Desenvolvimento Urbano e Social de Sorocaba (Urbes).

Questionada pela TV TEM, a Prefeitura de Sorocaba disse que a operação apura contratos de supostos atos de 2020, antes da atual administração, e documentos até 2023, e reiterou que todos os processos do Poder Público “seguem rigorosamente os trâmites administrativos e legais”. Ainda segundo a nota, a prefeitura “prima para que seus ritos e procedimentos obedeçam todos aos princípios da legalidade, transparência, impessoalidade, moralidade e eficiência”.

PF cumpre mandados de busca e apreensão em operação que investiga desvios públicos: assista aqui

Enquanto cumpria agenda de campanha nesta quarta-feira, o prefeito e candidato à reeleição em Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), falou à TV TEM sobre a ligação entre a prefeitura e as empresas apontada pela PF e negou qualquer envolvimento.

“É uma operação já antiga, com contratos que iniciaram em 2020. […] Zero ligação. É importante dizer que em nenhum momento o prefeito é investigado nesse caso. É importante reforçar isso. E reforçar que é uma ação em um momento eleitoreiro, de um assunto já batido há um ano”, disse.

No entanto, segundo apurado pelo g1 e a TV TEM, a maioria dos contratos investigados foi assinada durante a atual gestão, entre 2022 e 2023. Confira nas tabelas abaixo:

A TV TEM questionou a prefeitura a respeito das datas e da alegação de que a operação apura contratos firmados antes da atual administração, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

Já a ex-prefeita de Sorocaba, Jaqueline Coutinho (atualmente candidata a vereadora pelo PRD), informou que desconhece o contrato citado pelo prefeito em seu governo, anterior ao de Rodrigo Manga, e afirma que “se houve [contrato], o secretário da pasta deverá esclarecer os termos e condições”.

A operação
A investigação da PF teve início após uma reportagem exclusiva da TV TEM e do g1 que mostrou que, em dois anos e oito meses, as empresas e entidades ligadas à família de Jorge Domingos Hial, conhecido como Tupã, somaram 17 contratos diretos com a Prefeitura de Sorocaba. Ao todo, são R$ 32 milhões em contratos, dos quais R$ 12 milhões, pelo menos, já foram efetivamente pagos (entenda o caso aqui).

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Nesta quarta-feira, os alvos dos policiais federais foram a Secretaria de Saúde de Sorocaba (SP) e um condomínio de luxo em Araçoiaba da Serra (SP). Conforme apurado pela TV TEM, a PF também esteve em outros endereços, entre eles, a casa do atual secretário de Saúde, Claudio Pompeo. O secretário disse que não vai se manifestar sobre a ação da polícia.

Além da casa de Pompeo e da secretaria de Saúde, os policiais estiveram na empresa “Novos negócios” e na entidade “AJG”, ligadas à família Hial, também investigada na operação.

A TV TEM entrou em contato com o advogado da família Hial, que informou que não conseguiu contato com os envolvidos.

Durante a operação, intitulada Parajás, a Justiça Federal determinou, para uma das empresas, a medida cautelar de proibição de contratar com o Poder Público. Com isso, a empresa não pode fechar nenhum novo contrato e nem movimentar o quadro de sócios durante as investigações.

Durante o cumprimento de mandados de busca, foram apreendidos computadores, celulares e documentos para averiguar as conversas entre a família e as empresas e a entidade. Ainda de acordo com a PF, os investigados podem responder pelos crimes de estelionato contra o Poder Público, peculato e contratação direta ilegal, com penas que podem chegar a 12 anos de prisão.

PF cumpre mandados de busca e apreensão em operação que investiga desvios públicos em Sorocaba — Foto: Reprodução/TV TEM

Fonte TV TEM: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2024/09/11/contratos-investigados-em-operacao-da-pf-contra-desvios-de-recursos-publicos-em-sorocaba.ghtml