Irmãs instrumentistas sobem ao palco com o tenor brasileiro Paulo Paulillo no projeto “Choro Lírico”
Formado pela flautista Corina Meyer Ferreira, a multi-instrumentista Elisa Meyer Ferreira e a violonista de 7 cordas Lia Meyer Ferreira, o grupo Choro das 3 anuncia a agenda dos próximos dias. Nesta quinta-feira (30), as irmãs de Porto Feliz apresentam-se na cidade de Campinas e, na sexta-feira (1), o show será em Itapetininga, no Teatro do Sesi da cidade. O trio de música instrumental brasileira, de trajetória internacional, estará acompanhado do tenor brasileiro Paulo Paulillo no projeto “Choro Lírico”.
Logo que a pandemia chegou, Paulillo pediu demissão do teatro em que era contratado na Alemanha e cantava no corpo de ópera e voltou ao Brasil. De Atibaia, onde mora a família, assistia com os pais as lives do Choro das 3 e acabou conhecendo as irmãs pessoalmente graças a uma amiga em comum. “Ele veio aqui em casa e, quando abriu a boca pra cantar, ficamos boquiabertas”, lembra Corina, recordando que o pai, morto pelo coronavírus, ainda estava vivo e se emocionou. “Foi uma choradeira, coisa linda de ver esse menino cantar.” Por conta da empatia ao se conhecerem (“parece que ele é um primo”), resolveram fazer o projeto para poder tocar junto. “Quando conhecemos um músico que gostamos e admiramos, surge uma necessidade de tocar, de mostrar aquela música que criamos juntos para o mundo, de levar aquele som para as pessoas.”
“Assim como nós estudamos para caramba para nos desenvolvermos nos nossos instrumentos, o Paulo estudou para cantar. É como se ele fosse um instrumentista”, compara a flautista. Partiram, então, para a pesquisa de repertório. Começaram por selecionar músicas do cancioneiro napolitano. “Tocamos umas músicas e acabou surgindo a ideia do projeto”, conta Corina. A partir das partituras originais para orquestra, voz e piano, começaram a transcrever, fazer arranjos para a formação de choro. “Arranjos para violão, bandolim, flauta; às vezes, violão, acordeão, flauta e; às vezes, violão, clarinete, bandolim, flauta e a voz do Paulo, o tenor”, detalha Corina.
Para Corina Meyer Ferreira, o choro é a música de câmara brasileira, o conjunto regional é um conjunto de câmara brasileiro. “No Brasil não se fala muito sobre isso. No exterior, os músicos eruditos comentam com a gente: vocês são um conjunto de câmara exótico.” A bandolinista alemã Katherina Littinberg, professora de bandolim clássico no Conservatório Musical de Colônia, amiga das artistas do Choro das 3, fala: “Pra mim, tocar choro é como tocar Bach. Exige a mesma técnica, a mesma disciplina, a mesma limpeza e cuidado com cada nota” . O maestro Christopher…, autor do arranjo da música “Festa na Lagoa”, para orquestra de cordas, concorda. Depois que conheceu o ritmo, quando o Choro das 3 esteve em Michigam, passou a utilizar choros para desenvolver a técnica de seus alunos. “Ele diz que é uma música que requer uma técnica muito limpa e avançada e que os alunos se divertem e gostam mais do que tocar um exercício, por exemplo”, conta Corina.
O projeto Choro Lírico será apresentado no sábado (2), no Sesi de São José dos Campos e, no dia 20, uma quarta-feira, no Centro Cultural Fiesp São Paulo, na avenida Paulista, na Capital. Quem quiser outras informações sobre o grupo, o projeto e as apresentações pode acessar o www.chorodas3.com.br. (Da Redação) (Cruzeiro do Sul)