Cotidiano

11 de julho de 2022

Rio Tietê volta a ficar encoberto por espuma em Salto

A Cetesb informa que a diminuição das chuvas causou a situação, já registrada diversas outras vezes

O rio Tietê, em Salto, na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), voltou a ficar encoberto por espuma desde domingo (10). A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e a Prefeitura de Salto informam que a redução das chuvas causou a situação. O problema já foi registrado diversas outras vezes. 

Segundo a Cetesb, o baixo índice de chuvas durante o outono e inverno reduz a vazão do rio. Com isso, a formação da espuma branca na região de Salto se intensifica. Ainda conforme a companhia, dois fatores ocasionam o fenômeno. “As principais causas são a presença de surfactantes, encontrados em produtos de limpeza, e as quedas d’água deste trecho do rio, que provocam turbulência da água e a formação de espuma”, informa. 

De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, atualmente, a vazão está em 51,89 metros cúbicos do por segundo. A pasta pontua que essa estiagem favorece a concentração de poluentes e, consequentemente, o aparecimento da espuma. Porém, conforme o clima esquenta, o material tende a diminuir. 

O Executivo saltense atribui a questão a problemas no tratamento do esgoto da Região Metropolitana de São Paulo (RMPSP). Ainda argumenta que a eficiência do tratamento supera 90% no município. “Mas não adianta Salto fazer a “lição de casa” se a capital e as cidades da região metropolitana não melhorarem”, cita, em nota. “Infelizmente, enquanto o tratamento de esgoto da Região Metropolitana de São Paulo não estiver a contento, Salto e as demais cidades do Médio Tietê seguirão sendo prejudicadas”, completa. 

Segundo a Cetesb, empresas de saneamento já têm realizado trabalho para universalizar a coleta e o tratamento dos esgotos domésticos. Para a agência agência do governo do Estado de São Paulo, a medida “irá colaborar para a melhoria das condições do rio”.

Nociva à saúde

A espuma à saúde e pode desencadear, principalmente, reações alérgicas. A afirmação é da diretora de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro. Segundo ela, o material é carregado de poluentes, especialmente, gás sulfídrico. Malu explica que, ao entrar em contato com essa substância, a pessoa pode ter irritação na garganta, os olhos e pele. Por isso, é preciso tomar alguns cuidados. “Quando o rio estiver assim, as pessoas devem evitar ficar na beira, não frequentar os parques turísticos da região do Tietê, evitar contato com a pele, não entrar de barco no rio, não pescar,  porque, ao respirar, inala-se esses gases poluentes”, aconselha.

Reestruturação

Para Malu, a resolução do problema depende de uma reestruturação no sistema de tratamento de esgoto. Malu considera o modelo de tratamento atual ineficiente, pois retira apenas matérias orgânicas (excrementos humanos, por exemplo) da água, mas não inorgânicas (poluentes). “Só coletar e tratar esgoto, embora seja extremamente importante, não é suficiente para que a gente possa ter o rio utilizável”, opina. 

A integrante da SOS Mata Atlântica aponta como essencial a implementação e aperfeiçoamento de medidas, principalmente, tecnológicas, para impedir os poluentes de chegarem ao rio. Neste sentido, também defende a criação de regulações acerca da produção de itens poluidores, como produtos de limpeza, com o objetivo de se reduzir a quantidade de substâncias prejudicais nas fórmulas. “Tem que ter resoluções normativas, como faz a Europa, por exemplo, que combatam esses produtos na origem, porque a natureza não vai dar conta de dilui-los”, diz. 

De acordo com a especialista, essas ações ajudariam até mesmo ajudar a tornar a água do Tietê própria para consumo. Assim, contribuiriam, igualmente, para amenizar os constantes desabastecimentos registrados em cidades da região abastecidas pelo rio, em razão da estiagem. (Tem Mais)