Bem-Estar

27 de julho de 2022

Inverno registra fenômeno atípico

A variação de temperaturas — chamada de amplitude térmica — está ocorrendo com frequência no inverno deste ano. O fenômeno atípico para a estação, pode causar, principalmente, problemas respiratórios. Essa mudança repentina, em que ora faz frio, ora calor, também pode afetar os sistemas cardiovascular e gastrointestinal.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o inverno tem sido de temperaturas estáveis em Sorocaba. Mas, de acordo com o instituto, as manhãs e noites são mais frias na cidade, enquanto, à tarde, os termômetros costumam subir. Ao entardecer, o ar fica também fica mais seco. A maior amplitude térmica registrada até agora ocorreu no dia 7 deste mês, com mínima de 11,7° C e máxima de 28,2 °C.

A oscilação é prejudicial, sobretudo, para o sistema respiratório, conforme a pneumologista Rosana de Moraes Valladares, da clínica Ápice Medicina Integrada. Segundo ela, o fenômeno, atrelado a outros fatores, afeta, sobretudo, as mucosas. Por isso, pode desencadear, na maioria das vezes, quadros alérgicos. Asma, bronquite e rinite alérgica também podem se agravar.

Apesar de menos comuns, há a possibilidade de condições cardiovasculares e gastrointestinais também surgirem ou piorarem nessa época. É o que informa o diretor clínico do Hospital Evangélico de Sorocaba (HES), Marcos Paulo Loewenthal Pimentel. “Quando está frio, a tendência é a pressão subir e, quando está calor, é descer”, fala. Essa instabilidade — negativa para o sistema cardiovascular — pode ocasionar, por exemplo, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto, explica o médico.

Além disso, o sistema gastrointestinal também sofre as consequência do tempo seco. Segundo o especialista, nos dias mais frios, a produção de suor diminui e, consequentemente, a liberação de urina também. Consequentemente, o organismo passa a expelir menos toxinas. Esse fator, esclarece, atrelado à maior ingestão de álcool e alimentos gordurosos nesse período, pode desencadear gastrites.

Prevenção

Alguns cuidados são essenciais para prevenir ou atenuar esses problemas. A pneumologista explica que patologias respiratórias são evitadas com a lavagem correta das mãos, hidratação adequada, lavagem nasal com soro fisiológico e vacinação em dia. É importante, ainda, umidificar o ambiente com toalhas molhadas ou aparelhos umidificadores, que devem ser usados com moderação e receber manutenção frequentemente. “Eles devem ser ligados por apenas uma hora por dia, porque o excesso de umidade também pode facilitar a proliferação de fungos e bactérias. Também importante lembrar da higiene regular dos umidificadores, pela mesma questão de proliferação do mofo”, orienta.

O médico igualmente faz considerações importantes e aponta a ingestão de bastante água — de 1,5 a 2 litros por dia — como medida essencial para inibir as demais doenças. O líquido ajuda, inclusive, o organismo a produzir mais urina e, assim, contribui para a excreção de substâncias. Outro conselho do diretor clínico do HES é se atentar à alimentação. Conforme ele, nas estações geladas, para se esquentar, as pessoas tendem a aumentar o consumo de bebidas alcóolicas e comidas pesadas. Porém, isso é contraindicado. O médico reforça que a dieta deve ser balanceada, rica em diversidade de alimentos naturais e sem opções gordurosas.

Os especialistas ainda aconselham que as pessoas evitem lugares fechados. Neles, há grande concentração de partículas poluidoras, como poeira, e de bactérias. Isso favorece reações alérgicas e transmissão de doenças. Nesse sentido, usar máscara de proteção é uma alternativa. Por fim, frisam a importância das atividades físicas para a manutenção da saúde.

População coloca em prática

O vigilante Carlos Roberto Reis Machado, de 49 anos, já coloca algumas dessas orientações em prática. Foi só a temperatura cair e começar a oscilar que o seu sistema respiratório sentiu os efeitos. “Mesmo não tendo nenhum problema de saúde, sinto secura nas vias aéreas, um pouco de falta de ar, dificuldade para respirar, incômodo nos pulmões e um pouco de chiado no peito”, conta. De acordo com ele, pelos mesmos motivos, o quadro de rinite de sua esposa se agravou. Para amenizar esses sintomas, Machado mudou alguns hábitos. Agora, se alimenta de forma sadia, toma mais água e pratica atividades físicas frequentemente. E já sente melhora na saúde.

A auxiliar de produção Aline Duarte, de 38 anos, também ficou mal, com o clima instável e o aumento de poluentes no ar. Alérgica, ela piorou e ainda ficou gripada. Segundo Aline, os seus filhos, de 2 e 10 anos, — ambos alérgicos — passam pela mesma situação. Eles enfrentam reações ainda mais intensas. “As crianças esfregam os olhos e o nariz o tempo inteiro e, à noite, começa a tosse”, comenta. Após os problemas, assim como Machado, ela adotou medidas para fortalecer o próprio organismo. “Faço caminhada todos os dias e, no trabalho, ando com uma garrafa, para tentar beber mais água”, cita. (Vinicius Camargo)