Com a chegada do outono, que se inicia no dia 20 de março, muitas pessoas voltam a ter preocupações com alergias, rinite e gripe devido às temperaturas mais amenas e ao ar seco. Em alguns locais, a umidade relativa do ar pode ser inferior a 30%, muito abaixo dos 50% considerados ideais para a saúde humana, conforme determina a Organização Mundial da Saúde (OMS). Diante do cenário, a alergologista e imunologista Daniele Alevato, de Sorocaba (SP), dá algumas dicas de como se proteger e minimizar os incômodos das doenças respiratórias.
As estações mais frias do ano são marcadas pela escassez de chuvas e, consequentemente, o tempo fica mais seco, algo bastante temido por pessoas que sofrem com rinite, por exemplo. Outra característica da estação, que influencia bastante na diminuição da imunidade, é a grande amplitude térmica, ou seja, existe uma grande diferença entre as temperaturas mínima e máxima registradas no mesmo dia.
Para tentar amenizar os sintomas, e evitar que as doenças respiratórias se agravem, Daniele, que é proprietária e técnica responsável pela Clínica Alevato, indica que os cuidados devem começar pelo ambiente onde se vive. “Mantenha o local sempre limpo e arejado para evitar o contato com a poeira, pois a presença dela aumenta as chances de ácaros e fungos, entre outros organismos, se desenvolverem, e causarem ou piorarem a rinite. Um local fechado, sem ventilação, pode acumular umidade, isso se torna ainda mais evidente”, afirma.
Além disso, é muito comum as pessoas tirarem do guarda-roupa as peças pesadas como blusas, jaquetas e calças, que ficaram guardadas durante as estações mais quentes, além dos cobertores que ficaram bastante tempo sem uso. A orientação é lavar todos esses itens antes de usá-los. “Procure colocá-las para secar em um ambiente ventilado, como o quintal e deixar a roupa exposta ao sol o máximo de tempo possível”, complementa.
Diferenças entre doenças
As doenças respiratórias mais comuns no inverno são a gripe e a rinite, porém elas apresentam algumas diferenças entre os sintomas e tratamentos. “A gripe é uma infecção que atinge todo o sistema respiratório, incluindo os pulmões e o corpo. A rinite é uma inflamação que afeta apenas a mucosa nasal e regiões diretamente adjacentes, podendo provocar prurido, obstrução nasal e coriza, enquanto a gripe estende a lista de sintomas para a febre, dores de cabeça e no corpo, fadiga, tosse e outros”, explica a alergologista e imunologista.
Além disso, o tempo de duração das doenças é diferente. “A gripe é uma infecção autolimitada, curada pelo próprio sistema imune, em um período médio de sete a dez dias. Enquanto a rinite leva quatro a doze semanas, podendo ser controlada, mas não curada.”
A especialista ainda ressalta que pacientes que sofrem de asma precisam sempre estar com o seu medicamento de tratamento e estar em dia com as orientações do seu médico de confiança. “Caso ainda haja complicações, como a falta de ar, é preciso procurar o pronto-socorro”, ressalta.
Há também a asma, que é algo mais complicado e exige tratamento constante, para evitar problemas com crises. “É causada por uma inflamação dos brônquios, que dá sensação de chiado no peito, dificultando a respiração”, explica. A especialista ainda alerta que quem já tem um diagnóstico de alergias e pretende viajar nesta época do ano precisa passar por uma consulta médica antes de pegar a estrada para ter todas as orientações necessárias e evitar transtornos.
“É sempre bom passar por uma consulta com um alergologista, para ter as orientações necessárias para não ocorrer uma descompensação dos sintomas alérgicos durante a viagem”.
Tipos de tratamentos
Daniele explica que o tratamento mais comum realizado em casos de alergias é o controle dos sintomas, podendo ser medicamentoso, orientação, imunoterapia de alérgenos e claro, o acompanhamento médico. A imunoterapia dos alérgenos é uma forma de tentar amenizar os sintomas e oferecer mais qualidade de vida.
“Para pacientes que toda vez têm crises e usam medicação, mas sem muita resposta, existe essa terapia, que ajuda a criar uma maior tolerância aos agentes das alergias, como mofos, ácaros e pelos de animais, fazendo com que eles não tenham os sintomas. O tratamento pode ser feito de forma subcutânea, com injeção no antebraço, ou sublingual”, afirma Daniele.
A Imunoterapia é realizada de forma contínua, de dois a três anos, dependendo da resposta do paciente à medicação. “Posteriormente ao tratamento, se a pessoa fez a imunoterapia por três anos, nos três anos posteriores vai manter a tolerância. Após, ela precisa retomar a terapia (imunoterapia do alergênico), pois os sintomas podem retornar, seja de forma leve ou mais intensa”, explica.