Desta vez escolhi ressoar em letras umedecidas após a uma hora que cheirou à eternidade.
Hoje, sentada em frente ao meu Psicólogo, o qual delicadamente tem me sustentado com maestria, o tempo parou na mesma proporção que voou. Hiatou. O mesmo que tem costurado, alinhavado minhas palavras que saltam aos poros. Resquícios. Tonalidades de uma não equivocada e indomada ainda corre em minhas veias. Ainda. Ainda bem. Elucubrações sem fim. Com bons começos. Meios interessantes e finais doidos e algumas vezes doídos. Amenidades de gravata e salto alto. Uma rebeldia com causas e causalidades. Fui-me sempre sem vergonhas.
Aqui, sentada eu, à espera de colocar pra dentro da goela as queridas notas de laranja bahia, mel e melaço em forma de afeto líquido. Meu canto, a janela da Cafeteria que me tira por instantes da selva de pedra, o de quase sempre que me dá a imensidão do fora, que tem encantos; despretenciosamente ocupado. Decido olhá-lo de longe. De canto. Quem sabe ele me olha de volta e me encante. E a dor, assim se dissipe. E o eco expulse o oco e, ressoe.
Sei bem eu, e o sei muito bem que corro riscos e quiçá ser riscada de algumas histórias, dos rabiscos experenciados de outrora, dos riscos mal traçados, nas quais tenho eu participações especiais. Pequenas aparições conquistadas, passos considerados, ora malditos e mal ditos, ora benditos. De uma existência em experimentação, sem ensaio.
No agora.
Os questionamentos se encontram. Se remendam. Dançam entre si. Assim, nasço eu em cada instante propício e podido.
Quando a dor doída tem a possibilidade de virar poesia.
Morro em mim. Renasço. Parto-me eu das partes que me partem. Vagarei infinda. Colarei-me eu no regaço. Nos espaços esperados.
Sim, Cecília Meireles, somos possibilidades.
Entre mim e mim há vastidões bastantes.
Mundo a ser expandido por dentro. Alma disposta a ser alargada. Sonhada.
Inauguro-me sempre que oportuno.
Então, eu ganho quando eu perco?
