Hoje fui invadida por dois episódios da vida real que me fizeram escolher esse tema para escrever. Logo cedo assisti um vídeo da Samara Fillippo (atriz) relatando a solidão de ser mãe solo e a perda de oportunidades de trabalho por não ter com quem deixar as filhas. Eu não conheço muito dessa celebridade e não sei o motivo pelo qual ela é mãe solo, nem é esse o tema que quero abordar. O outro fato do dia foi um áudio enviado por uma mãe que atendi há 3 anos contando como está se sentindo isolada desde o nascimento de sua filha, do quanto a vida deu uma reviravolta e hoje ela não sai de casa pra nada e nem tem mais amizades para visitar ou ser visitada.
Fiquei imaginando como seria a minha vida se eu não trabalhasse com mães/famílias…
Provavelmente eu também estaria muito isolada e entristecida. Eu amo receber pessoas e amo visitar suas casas. Adoro reunir a criançada toda e também adoro sair sem os filhos, jantar sem me preocupar em colocar comida na boca de ninguém ou com receio que a bagunça deles possa estar incomodando a mesa ao lado. Hoje também me encontrei no esporte e esse é o meu momento! Meus treinos de vôlei e os bate-bolas de Beach Tennis salvaram a minha sanidade mental!!!
A dependência (emocional e financeira, principalmente) a que muitas mulheres se colocam as deixam completamente sem rumo quando a maternidade bate à porta. Fica a impressão que o combinado era: “o filho é seu e eu brinco de visitá-lo, mas a minha prioridade é o meu trabalho”. Eis que além de tudo ficamos na eterna desvantagem de cargos nas empresas porque sempre haverá um ser do sexo masculino com mais tempo e disponibilidade para se dedicar do que as mães.
Mas voltemos ao foco: SOLIDÃO.
Alguém já havia te contado como a vida no pós-parto é solitária?
Você pode até ter tempo pra sair e tomar um café com as amigas mas elas não têm porque estão na rotina habitual de trabalho. O seu/sua companheiro/a também segue com sua rotina. Sua família, idem. Então resta você, seu bebê e um smartphone. SOLIDÃO. Um desejo enorme de conversar com outro adulto, de contar suas alegrias e angústias, de sair pra comer ou fazer um programa cultural, de ter tempo pra estudar ou treinar na academia… O mundo te olhando com cara de “tá de férias” e você pensando “puxa, queria ter um pouquinho da minha rotina de volta e me lembrar quem sou além de mãe”. Em seu livro “O conflito – a mulher e a mãe” de Elisabeth Badinter, ela traz muito essa reflexão que raramente pode ser verbalizada pois seria julgada como “mães más”. Amamos ser mãe mas também precisamos de um pouco da nossa independência. Não é saudável viver somente pelos filhos, isso seria um fardo muuuito pesado para eles carregarem.
Faça o possível para encontrar clãs onde você tenha seus momentos, onde você tenha a possibilidade de socializar, de criar, de se alegrar. Não deposite no seu filho a sua única forma de sorrir durante o dia porque essa sensação de hoje o aprisionará amanhã.
Cultive novas amizades, encontre novos prazeres, saia de casa (agora já pode né?!).
Liberte-se e liberte seu(s) filho(s) do peso de ser(em) a sua única razão de viver.
Dica de filme: “A Filha Perdida” disponível na Netflix