Dá Trabalho

19 de setembro de 2023

O esgotamento completo dos trabalhadores

Nos últimos anos, o mercado de trabalho tem se transformado em um campo de batalha onde a pressão e as exigências parecem não ter limites. Nos corredores do mundo corporativo, onde o tempo parece voar, as pressões são ininterruptas somadas as más lideranças, há um grito silencioso ecoando. Um estudo recente da PULSES, uma empresa que se dedica a medir o clima, engajamento e performance nas organizações, desvendou uma realidade avassaladora: 81% dos trabalhadores brasileiros estão sofrendo em silêncio com a síndrome de burnout.

O levantamento, que contou com a participação de mais de 3 mil pessoas de empresas de diferentes portes e segmentos, oferece um panorama sombrio sobre o estado emocional dos profissionais no Brasil. Entre os principais sintomas relatados pelos participantes estão o cansaço extremo, a falta de motivação e a sensação de exaustão física e emocional. Esses são sinais claros de que a síndrome de burnout está se tornando uma realidade cada vez mais presente nos ambientes de trabalho do país.

A síndrome de burnout não é uma simples fadiga ou estresse passageiro. Trata-se de uma condição grave que afeta a saúde mental e física do indivíduo. Entre os sintomas mais comuns estão a irritabilidade, insônia, dores de cabeça, falta de concentração e desânimo constante. Em casos mais avançados, podem surgir sintomas físicos como problemas gastrointestinais e cardiovasculares. É um fardo emocional que esmaga a sanidade do trabalhador. É sentir-se irritável o tempo todo, ter noites de insônia regadas a ansiedade e não conseguir se concentrar em nada. Em última instância, é como se a própria vida perdesse a cor, e tudo se tornasse um fardo pesado demais para suportar.

As causas desse fenômeno são multifacetadas e muitas vezes estão relacionadas à sobrecarga de trabalho, pressões constantes por resultados e falta de reconhecimento. A imposição de prazos apertados, metas inatingíveis e a cultura de competição exacerbada são fatores que contribuem significativamente para o desenvolvimento do burnout.

As causas desse tormento são muitas e variadas, mas todas têm um denominador comum: a sobrecarga no trabalho. É a pressão constante por resultados que sufoca qualquer possibilidade de tranquilidade. *É a sensação angustiante de que seu valor como ser humano está atrelado unicamente ao seu desempenho profissional.*

A Voz da OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a síndrome de burnout como um fenômeno ligado ao ambiente de trabalho. Em sua classificação, a OMS a define como um estado de exaustão física, emocional e mental causado pelo envolvimento prolongado em situações de demanda emocional. É importante ressaltar que, além dos sintomas físicos e emocionais, o burnout pode ter impactos profundos na vida pessoal, social e familiar dos indivíduos afetados.

As consequências do burnout são devastadoras e atingem não apenas o trabalhador, mas também sua família e a própria empresa. No nível individual, o profissional pode enfrentar problemas de saúde crônicos, transtornos mentais, e em casos mais graves, o afastamento do trabalho por longos períodos.

A família também é afetada, pois o trabalhador que sofre de burnout muitas vezes não consegue se desconectar do ambiente profissional, gerando tensões e conflitos no ambiente familiar. Além disso, a falta de energia e disposição para atividades de lazer e convívio social pode impactar diretamente nas relações interpessoais.

No âmbito empresarial, as consequências são igualmente preocupantes. Colaboradores com burnout tendem a ter uma queda significativa na produtividade, além de aumentar o risco de erros e acidentes de trabalho. O clima organizacional também é afetado, com equipes desmotivadas e um ambiente propenso a conflitos e desentendimentos.

As Pressões Atuais do Mercado

Nossa era é marcada pela corrida desenfreada, onde prazos são estreitos, cobranças são incessantes e o valor de um ser humano parece ser medido apenas pelo que ele pode entregar em termos de trabalho. As demandas são enormes e a competição é cruel.

A atual dinâmica do mercado de trabalho tem contribuído de forma substancial para o aumento dos casos de burnout. O excesso de prazos, a cultura de trabalho ininterrupto e a falta de suporte emocional por parte das organizações são fatores que intensificam essa realidade.

Em meio a esse cenário, torna-se imperativo que empresas adotem medidas eficazes para prevenir e lidar com o burnout. Políticas de flexibilidade de horários, programas de apoio emocional, e a promoção de um ambiente de trabalho saudável e equilibrado são passos fundamentais na construção de um ambiente laboral mais humano e sustentável.

A busca incessante por resultados parece não ter fim, e o trabalhador se vê em uma espiral descendente, onde o único destino parece ser o esgotamento completo.

O tratamento para essa condição é um caminho possível para a cura. A terapia, acompanhada de apoio emocional e medicamentos sob supervisão médica, podem ajudar a resgatar a luz na vida dos afetados.

A síndrome de burnout não é apenas uma estatística. É um apelo desesperado por compreensão e mudança. É um lembrete de que, por trás das metas e dos lucros, existem seres humanos que lutam, sofrem e precisam de apoio.

A síndrome de burnout não é um problema isolado, mas sim um reflexo de uma cultura de trabalho que muitas vezes negligencia a saúde emocional dos profissionais. É urgente que empresas e organizações repensem suas práticas e promovam um ambiente de trabalho que valorize o bem-estar e a saúde mental de seus colaboradores. Somente assim poderemos construir um mercado de trabalho mais justo, equitativo e sustentável para todos.

_*Péricles Régis*_

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Péricles Régis

“O cara das vagas”, como é conhecido, é criador do Parceria Social de Empregos, projeto social de compartilhamento de vagas que já ajudou cerca de 100 mil pessoas a se recolarem no mercado de trabalho. Péricles Régis está em seu segundo mandato como vereador em Sorocaba. Eleito por duas vezes com campanhas custo zero, abdicando inclusive do fundo eleitoral, tem forte atuação em articulações de políticas públicas para geração de emprego, estímulos ao empreendedorismo, qualificação profissional e educação política.