Elos, Fatos & Afagos

30 de setembro de 2022

Poupe o seu Deus da Política.

Eu queria ser mais leve essa semana de polarizações. 

Falar da brisa, do dia cinza que tem feito essa semana em SP e que gosta de te convidar para um gole de café.

Mas, a apenas dois dias das eleições, por um motivo a qual me esforço, mas não consigo compreender, tenho ouvido a palavra Deus com mais frequência do que escutei nos meus 30 anos de semanas santas. 

E eu não sei se é completa ignorância minha, mas me questiono o que Deus tem a ver com a p* da política. Por que um ser poderia acreditar que sua própria crença é universal e estaria acima de todos? Como o slogan de um governo que impõe uma ideologia religiosa poderia ter qualquer relação com a democracia?

O ateu está abaixo, meu caro senhor? O Politeísta não entra na lista de cidadão de “bem”? 

E ainda, nesse mesmo jargão cafona, caro eleitor, você reverencia o conservadorismo na defesa da “família”? O que seria família, Sr? Casais que não se encaixam no seu modelo de “família tradicional” não podem formar uma família, futuro eleitor? Os homosexuais que tiram as crianças da “sua pátria” do abandono afetivo de milhares de casais heterosexuais, promovendo uma vida atrelada ao afeto e ao respeito nunca poderiam ser intitulados como família? 

Eu me questiono de todas as formas como um Presidente pode cultuar a exclusão sendo que governa um país que é a própria diversidade. 

É que no fim, como disse nossa querida Fernanda Young, em sua última coluna: “A cafonice detesta a arte, pois não quer ter que entender nada. Odeia o diferente, pois não tem um pingo de originalidade em suas veias”.

Tchau retrocesso.  

Fernanda Padilha

Advogada, professora, especialista em Direito de Família e Sucessões e Doutoranda em Direito Civil pela Universidade de Buenos Aires, Argentina.

Escritora do Projeto Cultural Útero (Projeto aprovado pela Administração Pública Municipal e que tem como objetivo abordar pautas feministas de forma artística).

Amante da arte e defensora dos emocionados. Acredita no poder desmistificador das palavras e na força revolucionária do afeto.

  fernanda.padilha.ppndadvogados@gmail.com