Em sampa o dia amanheceu tão cinza quanto clichê. Faço café e entoo Rita. “Lança menina, lança todo esse perfume, desbaratina, não dá para ficar imune”.
“Chega mais, chega mais”, Rita.
O gênio Caetano disse que você é a mais bela tradução da cidade do caos.
E então, me peguei fotografando mentalmente a moça bela, colorida, babélica e pensando no sentido do verso. Rita e sampa são uma desordem bonita. Uma desordem que acolhe.
Ontem, li diversas manchetes: “rainha do rock, insubordinação radical, marciana, Maga Rita, Santa Rita”.
Mas, para mim, ela é a Musa libertina.
Eu contrario o efeito negativo que a palavra “libertina” ocasiona em alguns ouvidos. Nos meus, tem “acento” de liberdade. Tão bonito e tão livre de qualquer senso moral como Rita.
A minha musa libertina sempre teve algo que me atraiu de forma hipnotizante. Ela tinha um “q” de gente e gosto disso.
Gosto do torto, incongruente, exagerado, desproporcional. Gosto do real e Rita não fazia qualquer esforço para caber na minha ou na sua fantasia.
Inspirada na coluna de Arnaldo Jabor, ela compôs uma das minhas músicas favoritas. Amor & sexo. Acho que no dicionário sexo e amor deveriam ser definidos por Rita. Nada chegou tão perto da perfeição, como a sua definição. “Amor é prosa, sexo é poesia” e Rita, é os dois.
“Bossa nova e Carnaval,”
“Divina e Animal,”
“é pra sempre.”
É que Rita, “tem gente que a gente não esquece nem se esquecer”,
e nos “desculpe o auê”,
mas vamos eternizar você.
Referências/Músicas de Rita: lança perfume, chega mais, minha vida, amor e sexo e me desculpe o auê.