Por gerar uma energia limpa e renovável, o sistema solar fotovoltaico pode reduzir o valor da sua conta em até 95%. No entanto, assim como todo equipamento, o sistema fotovoltaico demanda uma rotina de manutenção preventiva que, quando não realizada corretamente, pode reduzir a eficiência da geração de energia elétrica em até 50%.
Segundo o especialista Luiz Claudio Rosa, diretor da Viridian, uma empresa de ecoenergia localizada em Sorocaba (SP) que oferece este tipo de serviço, todos os sistemas de geração de energia fotovoltaica dependem dos seguintes cuidados:
Manutenção na rede elétrica
É necessário fazer uma avaliação termográfica dos elementos do sistema elétrico, que podem sofrer com falhas provocadas pelo afrouxamento nos bornes de conexão dos cabos até defeitos internos nos componentes, como disjuntores e transformadores.
Estes problemas de aquecimento podem ocasionar perdas de geração de energia, impactando em menor economia, muitas vezes só percebida pelo cliente depois de vários meses pagando valores elevados.
Luiz Claudio cita o exemplo de um cliente que não tinha contrato de manutenção preventiva e sofreu uma falha interna no disjuntor, que provocava aquecimento no cabeamento e perda de energia gerada, elevando o custo de energia em mais de R$ 4 mil por mês nos dois meses que eles levaram para identificar o problema.
Além de manter a produtividade do sistema, a manutenção da rede elétrica evita riscos mais graves ao patrimônio, como a queima de cabos, disjuntores e equipamentos, podendo levar a situações de incêndio se as ações corretivas não forem tomadas a tempo.
Manutenção nos módulos fotovoltaicos
Por serem os primeiros elementos na captação e conversão da energia do sol em energia elétrica, os módulos fotovoltaicos requerem manutenção em dois aspectos principais:
Inspeção visual: apesar de muito resistentes e projetados para suportar chuvas de granizo e grandes acúmulos de neve nas instalações no hemisfério norte, os módulos fotovoltaicos estão sujeitos a vandalismo.
“Um cliente nosso teve um dos seus módulos atingido por uma bala perdida. Isso foi descoberto em uma inspeção visual, e o projétil que perfurou o módulo fotovoltaico foi encontrado na telha, logo abaixo do furo. A permanência deste defeito permitiria a entrada de umidade no módulo, podendo provocar arco voltaico por baixo isolamento e, consequentemente, um risco de incêndio”, explica o especialista.
Limpeza periódica: ajuda a eliminar poeira e sujeiras de pássaros sobre os módulos, o que faz com que a produção de energia seja diminuída, provocando menor economia à medida que o tempo passa.
De acordo com Luiz Claudio, detalhes como a inclinação natural do telhado influenciam na periodicidade desta demanda de limpeza. “Quanto mais inclinado o telhado, mais o processo de autolimpeza atua, reduzindo a demanda de limpeza manual. Quanto menos inclinado, como em muitas coberturas contemporâneas e edificações comerciais e industriais, maior será a necessidade de limpeza para que mantenha um alto grau de produtividade”.
Se imaginarmos que a superfície de vidro é como uma janela pela qual os raios de sol atravessam para atingir as células fotoelétricas azuladas que ficam protegidas no lado interno dos módulos, é possível entender que a conta ficará mais cara quanto mais tempo os módulos permanecerem sujos.
“Quanto mais sujeira existir no caminho entre a luz e a célula, maior perda de produção existirá, e, quanto maior a perda de produção de energia, menos kWh/mês serão gerados, e os kWh/mês se traduzem em reais a menos na economia mensal/anual”, continua.
Pontos quentes: além das sujeiras superficiais, os módulos fotovoltaicos podem sofrer danos internos nas suas ligações elétricas e/ou nas células semicondutoras de silício, as quais podem registrar falhas tardias provocadas por impactos mecânicos (pisoteio ou colocação de peso excessivo sobre as mesas) ou por questões naturais (como quedas de raios em descargas atmosféricas que podem provocar microfissuras invisíveis a olho nu).
Estes problemas podem ser identificados por pontos quentes através de um processo semelhante ao da termografia para as partes elétricas da instalação.
“Todas estas rotinas são importantes para a identificação precoce das falhas de conexão ou internas nos componentes. Isto reduz as perdas econômicas e evita defeitos que demandarão manutenções corretivas”.
Perdas econômicas
A vida útil do sistema fotovoltaico vai de 25 a 30 anos. A frequência de manutenção varia de acordo com o ambiente, a potência, as características do equipamento e o grau de exposição a intempéries, mas, segundo Luiz Claudio, no geral, o indicado é realizá-la uma vez por ano.
Conforme o especialista, a falta de limpeza pode provocar uma redução média de ? do potencial de geração de energia anual após o primeiro ano.
Em média, o serviço de manutenção preventiva custa de R$ 20 a R$ 25 por módulo. Embora alguns clientes optem por fazer a limpeza sozinhos e contratar apenas o serviço da rede elétrica, o ideal é que a manutenção seja realizada por empresas especializadas, que possuem equipes treinadas para subir em telhados, o que é mais seguro para todos.
“É muito barato, um custo muito baixo. Um cliente com oito módulos, por exemplo, paga cerca de R$ 200 por ano, divididos em 12 parcelas. A gente faz todo um trabalho para recuperar o mesmo nível de produtividade e de economia que o cliente tinha quando instalou o sistema, evitando que haja uma degradação”, completa Luiz Claudio.