Superar a culpa e conciliar a atenção à família fazem parte da vida de quem empreende e cuida da educação das crianças em casa
Ser mãe é um papel que exige muita responsabilidade, assim como gerenciar uma empresa ou uma equipe. Somando ambas as situações, os desafios são dobrados. E quem desempenha esses papéis não são super-heroínas, mas sim mulheres comuns que precisaram fazer escolhas, nem sempre fáceis, para conciliar a rotina da maternidade, o desejo de crescer na profissão e o cuidado com si mesmas. Para contar um pouco do que é viver esses dois papéis ao mesmo tempo, três mães e empresárias dividem suas histórias.
Regiane Gibaile é mãe de dois meninos, o Davi, de 10 anos, e o Vinícius, de 12 anos e uma das sócias-fundadoras da W4 Capital, escritório de investimentos localizado em Sorocaba (SP). Ela sempre conciliou a carreira profissional com a maternidade. Com mais de 23 anos de carreira, ela possui o CFP® (Certified Financial Planner) e chegou a abrir mão de promoções oferecidas em bancos para estar mais presente na criação dos filhos, de forma que o tempo com os meninos se tornasse mais produtivo. “Não me arrependo das escolhas que fiz, pois sei que hoje, com a idade que estão, posso construir o que sempre sonhei e eles são muito parceiros nisso e reconhecem o meu esforço para estar junto deles e também empreender”, conta.
Como toda mãe que trabalha e com as características natas da mulher, que sofre maior pressão social na profissão e na vida pessoal, Regiane já teve o sentimento de estar em falta com eles, mas sabe do orgulho que os filhos sentem de sua trajetória de sucesso e que a têm como exemplo de garra e coragem.
Para Juliana Batista, gerente de compras da Pedagógica, livraria e papelaria com mais de 50 anos de história em Sorocaba, a vida seria incompleta sem Júlia, de 5 anos, e João Henrique, de 8 anos, e sem ocupar o lugar de empresária. “É difícil conciliar a responsabilidade de ser mãe e, ao mesmo tempo, de estar à frente de um negócio que emprega pessoas que também têm famílias e dependem disso. Mas eu gosto bastante de desafios e ter essas duas missões trazem como mérito os resultados que colhemos no dia a dia”, conta a empresária.
Juliana ressalta que sim, é necessário abrir mão de algumas coisas para conciliar a maternidade com a profissão e que isso não é fácil, mas que cada vitória nessas duas áreas a preenchem de satisfação e da sensação de que está no caminho certo. “Ser mãe não é só ser mãe, é ensinar, preparar e cuidar para que os filhos estejam preparados para o mundo, embasados nos ensinamentos transmitidos pela família. A força psicológica de ter filhos, que nasceram em dezembro, mês em que a loja está mais movimentada, supera qualquer desafio”, completa Juliana.
Para Aline Mai, mãe da Anahy, de 9 anos, e proprietária da rede de esmalterias Bellamai, tornar-se mãe e profissional foram histórias que aconteceram ao mesmo tempo. A sua filha nasceu no mesmo mês em que ela inaugurou o seu primeiro salão de manicure em Sorocaba, em maio de 2012. “Fazia unhas praticamente ao mesmo tempo que cuidava da minha filha. O estresse era grande, meu leite secou, mas não desisti de empreender”, conta Aline.
Mesmo com todas as dificuldades de ser mãe e de tocar o próprio negócio, Aline não desistiu. Com seis meses do seu pequeno salão de portas abertas, ela conseguiu colocar a filha numa escolinha e assim trabalhar, atendendo suas clientes até dez horas da noite para garantir um futuro mais promissor para sua filha.
“Empreender era um sonho que se tornou realidade com muita luta, muita batalha e que hoje, ao avaliar tudo, não me arrependo. Vejo que minha filha se espelha em mim, na minha força de vontade, e que procura já seguir meus passos, que incentivo muito e que é quando a preparo para a vida”, conclui Aline.