A cidade de SP registrou recorde de calor no ano, com 34,7ºC nesta sexta, último dia do inverno, no sábado bateu novo recorde 36ºC e neste domingo um novo recorde 36,5ºC.
De acordo com os registros do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), este já pode ser considerado o inverno mais quente da história na capital paulista. A média das temperaturas máximas ficou 2,5°C acima do normal para a estação. O mesmo ocorreu com as mínimas, que tiveram desvio de 2,2°C para cima.
O inverno deste ano teve 20 dias com temperaturas acima de 30°C, das cinco maiores temperaturas já verificadas na capital paulista desde 1943, quando o Inmet deu início às medições, quatro foram batidas neste mês de setembro. A marca é resultado da forte onda de calor que se espalha pelo Brasil desde o início do mês.
De acordo com o instituto, a média das temperaturas máximas ficou em 29,5°C contando todas as tardes da estação até a quinta-feira (20).
Segundo Adilson Nazário, técnico em meteorologia do CGE, o tempo seco e predomínio de sol favorecem a rápida elevação das temperaturas, provocando tardes quentes e com baixos índices de umidade do ar. Isso ocorre devido ao ar seco que predomina há alguns dias sobre parte da Região Sudeste.
A MetSul Meteorologia adverte para um episódio excepcional de calor em grande parte do Brasil nos próximos dias. As marcas esperadas entre esta semana e a próxima vão superar em muitos os valores médios históricos de temperatura máxima em todas as cinco regiões do país, com altas quebras de recordes.
Por que está tão quente no Brasil?
O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) de São Paulo explica que uma forte massa de ar seco está estacionada no Brasil, caracterizando um bloqueio atmosférico.
Isso impede a passagem de frentes frias e inibe a formação de nuvens que provocam tempestades.
O Inmet diz que a onda de calor que está atuando no país é promovida pela condição de tempo seco e favorecida pela “subsidência atmosférica”, ou seja, quando a pressão atmosférica entre a superfície e os níveis médios da atmosfera aumenta.
Esse movimento inibe o desenvolvimento de nebulosidade e aumenta a temperatura da massa de ar. Ainda de acordo com o órgão federal, o bloqueio atmosférico será intensificado entre a quinta-feira (21) e o final de semana em áreas das regiões Centro-Oeste e Norte, além do interior de São Paulo, ultrapassando os 40°C.
Um dos motivos para as altas temperaturas no Brasil, como as registradas em vários estados nesta semana, são as alterações climáticas nos últimos 60 anos. Neste período, houve redução de chuva e as temperaturas do país estão elevadas em 1,5°C, de acordo com levantamento do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Em Cuiabá, os termômetros podem bater 43ºC na segunda (25) e na terça (26). Em São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória, eles podem despencar mais de 10°C de quarta (27) para quinta (28).
Apesar do calor, no Norte há chances de pancadas de chuvas isoladas durante a semana nas seguintes capitais: Boa Vista, Manaus, Porto Velho e Rio Branco.
Já no Nordeste, deve ser quente, mas com muitas nuvens.
Ondas de calor pelo mundo
O ano de 2023 está sendo marcado por ondas de calor em diversas partes do mundo.
Uma bolha de calor, que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome) ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar. Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela. Esta bolha de calor de agora vai estar com seu centro entre o Paraguai e o Centro-Oeste do Brasil.
As ondas de calor são um dos elementos que compõem as mudanças climáticas atuais. Elas provocam consequências em termos ambientais, econômicos e sociais. O mundo tem passado por várias ondas de calor, com destaque para regiões da América do Norte, Europa e Ásia.
A incidência de uma onda de calor ocorre em razão de um conjunto de fenômenos atmosféricos e climáticos que resultam na predominância de uma massa de ar quente em determinada região. Por sua vez, verifica-se que essa incidência, cada vez mais recorrente, tem sido potencializada pelo desenvolvimento das atividades humanas e econômicas, como a queima de combustíveis fósseis e a emissão de poluentes atmosféricos.
O cenário atual, marcado pelas mudanças climáticas, potencializa o aumento das temperaturas em nível mundial e contribui para a ocorrência de eventos extremos. Ademais, fenômenos atmosféricos como o El Niño e o efeito estufa, especialmente modificados pela interferência antrópica no meio, também contribuem para a ocorrência de ondas de calor.