Cultura

28 de abril de 2023

Salto Azul: paraquedismo e conscientização em prol da causa do autismo

Romper barreiras, ultrapassar limites e, principalmente, provar que o esporte do paraquedismo é para quem quiser se desafiar, inclusive aqueles que possuem o Transtorno Espectro Autista (TEA), esse é o objetivo do Projeto Salto Azul. A iniciativa chega pela primeira vez à cidade de Piracicaba (SP), no próximo domingo (29), e traz a importância da conscientização da população sobre o TEA.

O evento será a partir das 9h, na Escola de Paraquedismo Skydive Azul do Céu Paraquedismo. A entrada é gratuita e os visitantes poderão acompanhar atrações como shows, apresentação de DJ, simulação de salto de paraquedas em realidade virtual, pula-pula, pipoca, algodão doce, brindes e sorteios. Além disso, a organização do evento separou um cantinho sensorial, tudo pensado no conforto e segurança daqueles que possuem grande sensibilidade a determinados estímulos.

O Salto Azul nasceu em Goiás no ano passado e é fruto da parceria entre a terapeuta ocupacional e paraquedista Rejane Damaceno e a advogada Mariana Fernandes, mestre em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Goiás (UFG). “Apesar de toda informação circundante nas redes, a sociedade brasileira ainda sabe pouco sobre a condição do autista”, pontua Rejane. “Temos uma excelente oportunidade para promover a aceitação e a inclusão”, complementa Mariana, que levou o projeto para a área de extensão da UFG em 2022.

Oportunidade de levar a causa para outros estados

Segundo Rejane, essa é a primeira vez que o Salto Azul é levado para outro estado com uma estrutura própria e atrações. Ela conta que, durante a realização da 2° Edição do projeto em Goiás, um paraquedista de São Paulo esteve presente no evento e se encantou com a iniciativa por fazer a ponte entre a causa e a modalidade esportiva. “Em seguida, outro paraquedista que teve diagnóstico de autismo na vida adulta e acompanhou a última edição do evento através das redes sociais também nos instigou a levar o evento para São Paulo”, lembra a terapeuta.

As idealizadoras comemoram o crescimento do evento. Para elas, é uma alegria imensa perceber mais peças sendo encaixadas nessa causa. “Como gostamos sempre de mencionar que chegam as peças certas, pessoas engajadas em levar a causa autista para todos os lugares, inclusive levantá-la no céu. Aliás, se levarmos em consideração que ‘o céu é o limite’ o Salto Azul desde o seu surgimento já rompeu barreiras” acrescenta Mariana.

Inclusive as goianas já estão sendo sondadas para levar o Salto Azul para o Rio de Janeiro, Paraíba e Santa Catarina.

Salto representa liberdade para mães atípicas

A advogada Anna Carolina Lima, de 32 anos, será uma das mães que topou o desafio de saltar. Ela conta que conheceu o projeto e de cara sentiu o carinho e cuidado com as famílias atípicas. “Proporcionar algumas horas de lazer para as famílias é maravilhoso. Muitas vezes, famílias atípicas não têm a oportunidade de vivenciar momentos como o que o projeto proporciona. A conscientização da causa é um passo extremamente importante para diminuir preconceitos”, pontua.

A advogada lembra que quando recebeu o diagnóstico do seu filho, há quatro anos, mergulhou em um buraco profundo de incerteza, culpa, dor e medo. Ela conta que hoje, após vivenciar muitas situações difíceis, vive a fase mais plena da maternidade atípica. “Conseguimos romper barreiras, alcançar o inimaginável, superar desafios. Saltar é como me libertar de toda dor que o diagnóstico me trouxe, é me desprender de tudo de ruim que eu já vivenciei com meu filho. Com certeza, é a representação de me sentir livre de todas as inseguranças que o autismo já me fez sentir”, acrescenta ela.

Números atualizados em 2023

De acordo com o último relatório do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) dos Estados Unidos, divulgado nesta quinta-feira (23/3), atualmente uma a cada 36 crianças norte-americanas de 8 anos é diagnosticada com TEA. No estudo anterior, publicado em 2021, a proporção era de 1:44.

No Brasil, ainda não há números oficiais de prevalência do TEA. Porém, quando se usa a porcentagem contida no último relatório do CDC (2,8%), tem-se uma previsão de 5,9 milhões de autistas no País. 

O TEA é uma condição de saúde caracterizada por déficit na comunicação social (socialização e comunicação verbal e não verbal) e comportamento (interesse restrito e movimentos repetitivos).

Serviço:
Assunto: Salto Azul: paraquedismo e conscientização em prol da causa do autismo
Quando: 29/04/23 (domingo), das 9h às 12h.
Onde: Piracicaba – SP: Azul do Céu – Paraquedismo (Vila Horácio Cerioni, 715 – Aeroporto de Piracicaba)