Engenheiro civil dá dicas para que casas não enfrentem problemas diante dos eventos climáticos cada vez mais recorrentes e severos
Ventos que ultrapassam os 100 quilômetros por hora, chuvas fortes e inundações. Eventos climáticos extremos têm sido registrados com frequência nos últimos meses, no Brasil, e devem ser cada vez mais intensos daqui para frente, segundo especialistas.
O vendaval, acompanhado de uma tempestade, que atingiu o estado de São Paulo, no início de novembro, causou cerca de 100 desabamentos com danos em muros, casas e destelhamentos de imóveis, segundo a Defesa Civil. Em Sorocaba, o temporal provocou, entre outros estragos, quedas de árvores em mais de 300 pontos.
E as previsões alertam que episódios como esse ainda podem se repetir. Conforme boletim do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), até a primeira quinzena de dezembro, São Paulo pode ter um período de chuvas além do normal para o período. Esse é um dos impactos do El Niño, fenômeno caracterizado pelo aquecimento anormal e persistente das águas do Oceano Pacífico.
Diante de um cenário que considera o aumento da frequência desses eventos extremos, surge a necessidade de ter ainda mais cuidado com as construções, sejam elas novas ou já existentes.
De acordo com o engenheiro civil Eduardo Schuster, membro da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba (AEAS), os episódios recentes podem representar, inclusive, uma oportunidade para repensar os padrões das obras. “As construções têm seguido padrões e acredito que esses últimos acontecimentos nos fazem repensar sobre eventuais reforços para questões dessa natureza”, afirma.
Para evitar destelhamentos, por exemplo, o engenheiro aconselha que as pessoas não deixem de fazer manutenções preventivas nas casas. “Nos últimos acontecimentos, quando houveram chuvas e ventos fortes, ocorreram muitos problemas nos telhados, que são agravados porque as pessoas não fazem manutenções preventivas nas construções”, explica Schuster.
“Todo material, depois de determinado tempo, exige manutenção. No entanto, as pessoas não fazem esse trabalho preventivo, principalmente nos telhados. Penso que o vento que houve foi atípico, mas a falta de cuidado somou muito a isso”, completa.
O profissional conta que os ventos fortes podem gerar vácuos em beirais e paredes, o que ocasiona um levantamento do telhado. “Uma vez que a estrutura sofre um impulso de vento, ela pode entrar em colapso, causando o desprendimento parcial ou total”, acrescenta Schuster.
No caso de casas construídas em encostas e terrenos inapropriados, as chuvas e ventos fortes representam um risco ainda maior. “Essas construções costumam ser feitas sem o acompanhamento de um profissional, o que gera muitos erros. O mais grave é iniciar a obra sem uma avaliação do tipo de solo, por exemplo”, destaca o engenheiro.
Para reduzir as chances de transtornos, Schuster considera que as construções devem ser feitas a partir de um bom planejamento. “Um projeto estrutural bem dimensionado, usando materiais de boa qualidade e executado de forma correta é o começo para evitar futuros problemas”.
Dicas do especialista
O engenheiro civil elenca algumas dicas para que as construções fiquem mais protegidas diante de eventos como chuvas e ventos fortes.
Calhas: fazer a limpeza evita entupimentos e transbordamentos, especialmente em telhados embutidos, onde a vazão de água pode ir para a laje ou forro;
Árvores: observar o comprimento dos galhos. Se forem árvores antigas, os galhos podem estar podres e, próximos ao telhado, podem quebrar telhas, causar entupimento de calhas e abalar a estrutura, se caírem por conta de ventos e chuvas fortes;
Saídas de água: é aconselhado colocar telas nos bocais das calhas para evitar que folhas e sujeira possam entrar e entupir os encanamentos;
Telhados: atestar se os parafusos dos telhados (que usam esses tipos de telhas) estão bem apertados e verificar as borrachas de vedação. Nos telhados com telhas de barro, é preciso fazer a amarração das mesmas na estrutura;
Materiais: os materiais utilizados nas construções devem ser aprovados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e devem seguir as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT);
Esgoto: é possível colocar uma válvula de retenção na rede de esgoto, um mecanismo que só permite um fluxo interno para externo. Com isso, se houver entupimento da galeria na rua, não há como o esgoto retornar para dentro da residência;
Orientação: é fundamental contar sempre com profissionais das áreas necessárias.
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