Geografia econômica é o ramo do conhecimento que procura explicar a influência de manifestações produtivas sobre o espaço geográfico (pelo homem) e as interferências que o meio realiza sobre elas. O meio urbano e o meio rural são produzidos pelas práticas humanas relacionadas, quase sempre, às condutas financeiras e tecnológicas que irão desencadear impacto sobre o planeta.
Geopolítica
Não se pode falar em economia sem falar em política. O conceito de geopolítica foi desenvolvido a partir da segunda metade do século XIX pela redefinição de fronteiras na Europa e do expansionismo das nações europeias (imperialismo ou neocolonialismo).
A Guerra Fria expressou muitos dos princípios da geopolítica, pois envolveu uma grande disputa ideológica e territorial entre União Soviética e Estados Unidos, destacando a importância do Estado nas decisões estratégicas e na definição de valores e padrões sociais.
Agora, as maiores discussões são o combate ao terrorismo, a questão nuclear, as constantes redefinições de fronteiras nos países africanos e do Oriente Médio, o crescimento econômico chinês, a formação dos blocos econômicos, os conflitos internacionais e os problemas socioambientais.
Revolução Industrial
A evolução no modo de produzir mercadorias, principalmente do setor industrial, acelerou o desenvolvimento do sistema capitalista que originou o que chamamos Revolução Industrial. Ela é dividida em três momentos:
Primeira Revolução Industrial
Aconteceu no final do século XVIII e início do XIX, na Inglaterra. Logo depois, outros países como França, Bélgica, Holanda, Rússia, Alemanha e Estados Unidos consolidaram um novo modelo de produção industrial em que se descobriu a utilização do carvão como fonte de energia: máquina a vapor e a locomotiva. Modernizaram o setor de transporte (matéria-prima, pessoas e distribuição de mercadorias), dando enorme alavancada às indústrias, aumentando a produtividade e o êxodo rural, formando grandes centros urbanos com bairros de classe trabalhadora.
Segunda Revolução Industrial
A partir de 1870, com maior exploração do uso da energia elétrica e do petróleo em motores à explosão. Aceleraram o ritmo industrial na fabricação de produtos em escalas cada vez maiores, com o marco da criação da lâmpada (1879 com sistemas de iluminação), o telégrafo (comunicação), métodos mais rápidos de produção de ferro, aço e alumínio (ferrovias e automóveis) que aceleraram o desenvolvimento do capitalismo.
Terceira Revolução Industrial
Meados do século XX, Revolução Técnico-Científíca-Informacional. Avanço da informática, química, robótica, genética voltadas para o mercado. Ainda atual, desenvolve os meios de comunicação e transporte, diminuindo distâncias acelerando a globalização e suas consequências: avanço da ciência e tecnologia, consolidação do capitalista financeiro, expansão das multinacionais, descentralização industrial, flexibilização do trabalho (toyotismo: produção por demanda) e terceirização da economia.
Podemos concluir que as transformações tecnológicas transformam não só as indústrias e os meios de produção, mas também o próprio espaço geográfico e as relações humanas. Nas últimas décadas, a preocupação com os impactos ambientais demarcou uma fase inédita: a busca de fontes limpas de energia, uma resposta aos problemas ambientais.
Globalização
É o processo de internacionalização e ampliação da capacidade produtiva. Relaciona-se diretamente com novas tecnologias, economia e capitalismo. Em muitos casos, produtos industrializados têm seus processos produtivos descentralizados em várias partes do mundo.
É o caso das multinacionais que procuram a melhor relação benéfica (para a empresa) de diminuição dos custos (mão de obra mais barata nos países subdesenvolvidos), sistema capitalista (relação lucro x trabalho não pago), reduzindo, assim, o preço final.
Exemplo das indústrias automobilísticas que fragmentam a produção em muitas regiões em que as várias partes de um carro são produzidas em diferentes lugares do mundo para obter maiores vantagens e a máxima geração de lucro.
Notadamente é a era da informação pela diminuição das distâncias e do tempo, graças ao avanço da comunicação (principalmente a internet), permitindo a transmissão de notícias e conhecimentos em tempo real pelo mundo.
Blocos econômicos e as organizações mundiais
Formou blocos econômicos e as organizações mundiais, unindo a economia de vários países (Alca, Nafta, União Europeia, Mercosul, Tigres Asiáticos, OMC, OEA, OPEP). Difundiu o conhecimento da língua inglesa (segunda língua obrigatória no aprendizado mundial) e tem influência constantemente em avanços científicos e do saber.
Desigualdade generalizada
Quanto às desvantagens da globalização, podemos citar a desigualdade generalizada beneficiando, quase sempre, os lugares economicamente mais desenvolvidos, que conseguem se expandir facilmente enquanto os menos desenvolvidos ficam marginalizados. Além disso, há a centralização das grandes empresas, que passam a controlar o mercado mundial (multinacionais); a redução dos salários médios; as crises econômicas especulativas; e a questão ambiental com exploração acelerada dos recursos naturais.
Blocos econômicos
São classificados conforme o nível de proximidade e a qualidade da integração entre seus países-membros. Aspecto mais característico do mundo globalizado e da atual ordem mundial. Possuem distintos e diferentes objetivos econômicos:
- Zona de preferências tarifárias: integração entre os países adotando apenas algumas tarifas para alguns produtos, tornando-os mais baratos em relação aos países não participantes.
- Zona de livre comércio: eliminação ou diminuição das tarifas alfandegárias dos produtos comercializados entre os países-membros.
- União Aduaneira: zona de livre comércio com Tarifa Externa Comum (TEC), que taxa produtos de países não membros, tornando-os mais caros e menos procurados.
- Mercado Comum: bloco econômico comum com avançado nível de integração econômica, envolvendo a livre circulação de produtos, pessoas, bens, capital e trabalho, tornando as fronteiras entre os seus membros quase que inexistentes.
- União Política e Monetária: mercado comum que ampliou seu nível de integração, englobando o campo monetário. Adota-se uma moeda comum que substitui as moedas locais ou passa a valer comercialmente em todos os países-membros.
A União Europeia é hoje considerada o mais importante bloco econômico em razão do seu avançado nível de integração de mercado comum, de união política e monetária. Relaciona-se com o Brasil desde 1992 com uma política de cooperação, com investimento no mais importante país do Mercosul.
País emergentes
Correspondem às economias do mundo subdesenvolvido que apresentam melhorias sociais e perspectivas de crescimento. São os países em desenvolvimento, uma espécie de “subgrupo” dentro dos países subdesenvolvidos. Apresentam economias de industrialização recente, pela entrada de indústrias estrangeiras vindas quase sempre de países desenvolvidos em busca de mão de obra barata e outras vantagens.
Esses países mencionados têm uma escala produtiva diversificada, além de altas taxas de urbanização e progressiva terceirização de suas economias, o que gera os desafios do acelerado crescimento e promove a desigualdade social.
- América Latina: Brasil, Argentina e México.
- Ásia: Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong, Cingapura, Tailândia e Indonésia, Índia.
- África: África do Sul.
Tigres Asiáticos
Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan ficaram conhecidos como os Tigres Asiáticos na década de 1970, pela alta industrialização e administração agressiva com modelo industrial voltado para a exportação através das indústrias transnacionais com forte apoio do governo. Isso proporcionou infraestrutura (transporte, comunicações e energia), instalações industriais e política de incentivos (isenção de impostos e doação de terrenos), educação e qualificação profissional.
Seguindo o sucesso dos Tigres Asiáticos, os países vizinhos, Indonésia, Vietnã, Malásia, Tailândia e Filipinas, também iniciaram seu processo de industrialização e passaram a fazer parte da rede de negócios das empresas de países desenvolvidos, mas com mão de obra menos qualificada, porém muito barata. Produzem mercadorias sob encomenda, criadas e planejadas em outros países do mundo: indústrias têxteis, de calçados, de alimentos, de brinquedos e produtos eletrônicos.
Petróleo
Principal fonte energética da atualidade, essa substância oleosa de coloração preta é formada pela decomposição da matéria orgânica (resto de animais e vegetais) que ficou durante milhões de anos submetida a altas temperaturas, à pressão da terra, à pouca oxigenação, entre outros fatores, formando as jazidas de petróleo nas bacias sedimentares em camadas abaixo da superfície, normalmente oceânicas.
Para extrair o precioso óleo, perfura-se o solo – em diversas profundidades – e, através das plataformas petrolíferas, é armazenado e transportado (por oleodutos ou navios petroleiros) às refinarias: estruturas para processar o petróleo e obter uma grande variedade de derivados, como gasolina, óleo diesel, gás liquefeito, querosene, solventes, lubrificantes, tintas, parafinas etc.
Para reduzir os custos com deslocamento do produtor ao consumidor, a maioria das refinarias se localiza próximo a cidades mais industrializadas e dos centros mais populosos.
Fonte de energia
Representa cerca de 35% do total de consumo de energia do mundo, tornando-se, além de fonte de renda, certo tipo de poder político para os países que detêm esse bem não renovável.
Petróleo no Brasil
No Brasil, o petróleo está mais presente no litoral, onde uma espécie de bolsão acumula hidrocarbonetos como petróleo e gás metano, localizados logo abaixo da “camada de sal” em regiões de bacias sedimentares.
A “camada pré-sal” está entre os litorais do Espírito Santo e Santa Catarina em uma extensão de cerca de 800 quilômetros abrangendo a região de três bacias sedimentares: do Espírito Santo, de Campos e Santos. A demanda petrolífera, inclusive, é uma das principais causas de conflitos e guerras no mundo.
Potencial exportador do Brasil
No Brasil, a descoberta do pré-sal representa a autossuficiência em relação ao petróleo, pois o país sempre o importou. Até 2035, a estimativa é que o Brasil deixará de importar e se tornará exportador, fazendo com que o país seja o maior produtor de petróleo da América do Sul.
Uso do petróleo
O óleo está mais presente em nossa vida do que pensamos. Hoje, é empregado para produzir cosméticos (80% com óleos, perfumes e ceras), borracha sintética (substitui o látex em artigos esportivos, tênis e pneus), remédios (contêm benzeno: analgésicos e homeopáticos), produtos de limpeza (base para esses produtos), asfalto (derivado semissólido de petróleo), tecidos sintéticos (náilon, acrílico, spandex epoliéster), comida (corantes, flavorizantes e conservantes) e plástico (inclusive o isopor, composto sintético).
Geografia multidisciplinar
Os professores gostam de questões multidisciplinares, relacionando fenômenos físicos, bióticos, socioeconômicos, bem como os impactos ambientais. Considere que a geografia estuda a Terra como um “sistema” e adora as questões ambientais. Isso implica que sempre abordará as ações que a humanidade faz e como impactam a sociedade e o meio ambiente. Exemplo: problemas ambientais decorrentes de nossos padrões de consumo (dejetos industriais, aumento de lixo não orgânico etc.).
É importante sabermos o modo de produção agropecuária ou exploração da terra como mineração (conceitos fundamentais como latifúndio, minifúndio, cultivos permanentes, sistemas intensivos e extensivos, monocultura, policultura, extração de petróleo e minérios etc.) para refletirmos sobre a qualidade dos produtos que chegam à nossa mesa.
O capitalismo, a urbanização e as relações comerciais
Entenda bem as fases do capitalismo, pois geralmente este é relacionado a temas como a indústria, o comércio e até mesmo abordagens históricas como os efeitos da Guerra Fria, a influência na economia e no poder de países como Estados Unidos e antiga União Soviética. Outro ponto importante é a urbanização, que implica problemas das cidades (crescimento desordenado, transporte, habitação e desemprego).
Entenda as relações comerciais entre diferentes países ou regiões e, claro, os impactos na economia mundial e a atual formação de blocos econômicos, a globalização da economia e os efeitos de escolas de pensamento. Não basta apenas estudar os aspectos globais, é muito importante pensar em como se efetua a economia em nosso país (balança comercial do Brasil, exportações e parcerias com outras partes do mundo).
A imigração e a migração
Outro tópico sempre atual, principalmente pela imigração de refugiados de outros países com problemas para o Brasil, é a migração. Saber os motivos e como são recebidos ou conseguem sobreviver é indispensável. Acontecem nos mais variados contextos e no mundo todo.
Desastres de barragens
Em novembro de 2015, rompeu a barragem de Fundão, na cidade de Mariana – MG, deixando 19 mortos, milhares de desabrigados e destruindo completamente três distritos. Pouco tempo depois, em janeiro de 2019, rompeu a barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho – MG, fazendo centenas de vítimas no Rio de Janeiro e chamando atenção para o problema, combinando infiltração, liquefação, erosão e fiscalização.
A maioria das barragens do Brasil foi construída na década de 1950, pelo método chamado “montante”. Inclui estruturas com as quais a barragem vai crescendo “para dentro”: após a edificação de um primeiro dique para represar o material, o segundo é erguido em parte sobre a estrutura do primeiro e em parte sobre o que já está depositado na barragem – e assim por diante. No método “jusante”, considerado mais seguro, os diques são empilhados no sentido contrário: avançam sobre o terreno, e não sobre os rejeitos que já estão depositados.
Quanto maior o acúmulo de água, mais instável fica a estrutura. “O que é pastoso vira líquido” (liquefação) e maior a probabilidade de ruptura da contenção juntamente às vibrações do terreno. Além disso, o entubamento para drenagem de água muitas vezes entope pela característica heterogênea da lama, ora mais densa, ora mais líquida.
A Agência Nacional de Águas (ANA) listou problemas em 54 das 104 barragens que fiscaliza com seus 6 funcionários para o país e não inclui as barragens de rejeito de minério, responsabilidade da Agência Nacional de Mineração.
Por Tao Consult