Jovens participam do programa Disk Detetive, da Nasa, e contam com o apoio do Centro Universitário Facens; já encontraram 23 asteróides e criaram um clube para unir mulheres interessadas em ciência e astronomia
No vasto cenário da ciência, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço. Isso porque contribuem significativamente para o avanço do conhecimento e também para a equidade na participação em grandes descobertas espaciais. Exemplos disso são duas estudantes do Centro Universitário Facens, de Sorocaba (SP), que representam o Brasil pela primeira vez no programa Disk Detetive, uma plataforma de ciência cidadã da NASA que tem como objetivo analisar discos galácticos e identificar sistemas planetários escondidos entre os dados telescópicos, aumentando as chances de encontrar planetas habitáveis.
Larissa Paiva, conhecida como “Larittrix”, soma de seu nome com o de sua estrela favorita, a Bellatrix, 18, cursa psicologia e Amanda Silva Soares, 22, estuda Engenharia da Computação. Apesar de áreas distintas, a paixão das duas pelo espaço e por contribuir com o incentivo à participação feminina na ciência são um ponto em comum. Juntas, acumulam a descoberta de 23 asteroides e essa é a primeira vez que se arriscam na missão, ainda mais difícil, de encontrar sistemas e planetas parecidos com a Terra.
“Além de toda a relevância cidadã de estar fazendo pesquisas voluntárias em prol da proteção do nosso planeta, tem também a importância científica de poder contribuir demais com as pesquisas que já são feitas há tempos para buscar alternativas além da Terra ou ainda analisar e buscar por vida fora do nosso planeta”, diz Larissa, que se tornou astronauta análoga ao concluir um curso sobre o tema, no Centro de Treinamento Espacial da WEA (Wogel Enterprise Aerospace), em Brasília.
Já Amanda diz que o trabalho é difícil e complexo, mas recompensador. “É uma experiência muito interessante. Eu já tinha participado de coisas do tipo antes, como a análise de asteroides, mas dessa vez é diferente. Confesso que às vezes é um pouquinho cansativo porque são muitos objetos que temos que analisar, além de avaliar os bons candidatos a serem discos galácticos possíveis. Mas apesar disso vale muito a pena”.
Fabiano Marques, reitor do Centro Universitário Facens, afirma que a Instituição, ao longo dos seus 47 anos, sempre investiu em pessoas e seus talentos, além de fomentar a inovação em ciência e tecnologia. “Temos talentos dentro da Facens que são reconhecidos nacional e internacionalmente nesta área, com diversas descobertas e contribuições. Um aspecto muito importante na valorização de iniciativas como esta é que elas desenvolvem em nossos alunos a curiosidade e a busca por novos conhecimentos, que é a base para o desenvolvimento humano. Incentivamos isso pois acreditamos que, desta forma, cumprimos nosso papel de desenvolver os alunos de maneira responsável, ao mesmo tempo em que promove a geração de conhecimento e o progresso da nossa ciência”.
Clube Meninas Enlace
A criação do Meninas Enlace em STEM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática), um clube que surgiu a partir do movimento Força Meninas com o objetivo de unir jovens e mulheres, também foi iniciativa das alunas. Amanda e Larissa, como líderes do projeto que leva o mesmo nome, contaram com o apoio do Laboratório de Colaboração Socioemocional (Enlace) do Centro Universitário Facens para fomentar a ideia dentro e fora do campus.
Para Raquel Barros, coordenadora do Enlace, desenvolver, promover e motivar projetos inovadores faz parte do propósito do laboratório. “É tão importante perceber o poder mobilizador das mulheres no processo de transformação da ciência, como também de transformação delas mesmas, com postura, com posicionamento. O Enlace existe para dar oportunidade para os alunos poderem ser protagonistas dos próprios processos de mudança e isso é o que nos movimenta. O grupo terá nosso acompanhamento e também vamos viabilizar toda estrutura e materiais necessários para as atividades”, finaliza.
As estudantes reconhecem a necessidade de promover a igualdade de gênero nas áreas de STEM, por isso o clube é aberto ao público e atualmente tem atividades online, mas pretende promover ações no campus da Facens, inclusive para unir as alunas do sexo feminino espalhadas pelos cursos. O intuito é acolher e estimular meninas interessadas nessas áreas, proporcionando oportunidades de networking e apoio mútuo.
Amanda destaca que fazer parte dessa iniciativa é muito gratificante. “É significativo para mim. Vejo que o clube tem um potencial de fazer a diferença na vida de muitas meninas e que pode contribuir para um futuro mais justo e equilibrado”, diz. Larissa concorda, afirmando que “a gente percebeu que seria muito legal adotar a ideia na Facens porque temos mulheres em STEAM sim. Mas onde elas estão? Elas se conhecem? Elas podem contar com o apoio umas das outras? É disso que precisamos”.
O reitor conta que existe um aumento substancial no número de mulheres buscando as áreas de STEM. “Elas vêm ocupando com êxito este espaço que lhes é de direito. Acreditamos que o futuro envolve a complementaridade nas formas de pensamento e ação, enfim, a diversidade. Neste contexto, é de grande importância que tenhamos cada vez mais pessoas com formas diversas de encarar os problemas e solucioná-los e, sendo assim, sem dúvida nenhuma, as mulheres têm papel de extrema relevância e de fundamental importância para expandirmos o ecossistema”, conclui Marques.