Esperava por um amor cor-de-rosa.
Tão doce quanto os romances que terminaram em “felizes para sempre”.
Tão forte que durasse gerações e pudéssemos ver juntos nossos netos e bisnetos correndo de um lado para o outro da nossa casa.
A mesa estaria sempre cheia aos domingos. Conversas fartas de amor e regadas às velhas histórias, que todos conheciam muito bem, de como nos conhecemos.
De como foi nosso primeiro verão, sobre o quanto aproveitamos a tarde na praia, vendo o pôr-do-sol e trocando juras de amor.
Imaginei que contaríamos também sobre as adversidades e como elas fortaleceram nosso afeto um pelo outro. Como todas essas vezes foram importantes pra que a gente tivesse certeza de que nascemos um para o outro.
Mas esse amor não tem cor.
Não é rosa, nem azul, nem lilás.
Quantas vezes nem mesmo soubemos se era amor?
Era apego, amizade, lealdade, mas não era amor.
Confusão, dúvidas, até diversão, mas amor, não era.
Foi medo, foi tristeza, foi abandono.
Chegou a ser cumplicidade durante aquela viagem que ficamos de mãos dadas e dançamos no meio das pessoas, na Piazza de San Marco.
Todos os nossos amigos diziam que era amor, mas não tivemos um felizes para sempre. Não era assim que deveria ser? Juntos até o fim?
Ah, garota boba, só o tempo pode te fazer entender que amar não cabe na temporalidade.
Não tem cor, é verdade.
Mas tem tudo que precisa para tornar memórias em histórias para os netos, mesmo que não sejam os nossos.
Porque o amor não segue regras.
Ele é a própria regra.
É amor, e fim.