Elos, Fatos & Afagos

1 de setembro de 2023

Amor, si quieres, mandamos ese script a la mierda.

Acho o amor um completo fracasso.

Quer dizer, o amor não, mas essa ideia de amor.

Toda vez que questiono alguém sobre o que é o amor, ouço um script cafona e algemado.

Respostas prontas demais, um manual tão utópico quanto impraticável.

A gente até tenta ser moderninho e incluir a não monogamia, mas no fim só estamos criando mais uma regrinha obsoleta.

Acho que entendemos tudo errado. Esse negócio de padronizar o amor é pegar uma via contrária ao que se sente… e o que é o amor, senão aquilo que te toca?

Sou a favor da anarquia no amor. Ordem é muita coisa, mas não combina com o maremoto do peito. Sentimento contraria qualquer exata e tem sido muito ignorante da nossa parte traçar um manual para a matéria mais incalculável que existe.

O amor pode ser qualquer coisa. A gente tenta dar a ele uma dimensão cinematográfica, o faz fazer cinco promessas ao céu estrelado e atos de grande impacto, mas ele gosta de brincar de miudeza e matar nosso “script” teatral.

O amor é qualquer coisa.

O amor é a monogamia

O amor é a não monogamia

Amor é sexo com amizade

Amor é amizade com sexo

O amor mora debaixo do seu teto e dá dois espirros matinais

O amor vive em outro continente e só te abraça no dia 15 de janeiro

O amor te faz companhia por três décadas

O amor toca sua campainha e te dá 3 horas de eternidade

O amor beija sua testa

O amor te beija partes que você nem sabia que existiam

O amor arde

O amor faz parar de arder

O amor toca o peito sem grandes burocracias

Então…

amor, si quieres, mandamos ese script a la mierda.

Fernanda Padilha

Advogada, professora, especialista em Direito de Família e Sucessões e Doutoranda em Direito Civil pela Universidade de Buenos Aires, Argentina.

Escritora do Projeto Cultural Útero (Projeto aprovado pela Administração Pública Municipal e que tem como objetivo abordar pautas feministas de forma artística).

Amante da arte e defensora dos emocionados. Acredita no poder desmistificador das palavras e na força revolucionária do afeto.

  fernanda.padilha.ppndadvogados@gmail.com