Essa pergunta pode ser respondida de muitas formas!
A primeira delas (e é minha obrigação responder dessa forma já que sou da área da saúde) são as referências da Organização Mundial de Saúde (OMS): O aleitamento deve ser EXCLUSIVO até seis meses (em outras palavras, nada além de leite! Nada mesmo, nem água) e deve ser mantido após a introdução da dieta da família por 2 anos OU MAIS. Sim, está escrito exatamente assim: “Dois anos ou mais”.
O fato é que tem tanta coisa no meio disso tudo que não é só uma questão de “eu escolho amamentar por x tempo”. Eu incentivo muito o aleitamento e incentivo que essa decisão tem que ser da pessoa que amamenta! Para que possamos alcançar o tempo que nos dispusemos amamentar, precisamos de apoio. É papel do companheiro ou da companheira apoiar o aleitamento nos momentos difíceis, auxiliando nas questões e tarefas que envolvem o bebê e a casa para que a pessoa que amamenta, de forma prática, seguem algumas dicas:
1) Olhar com empatia e admiração a pessoa que está ali doando seu tempo e seu corpo para nutrir sua cria com o melhor alimento do mundo.
2) Oferecer água e alimentos enquanto ela está na função de amamentar (porque a fome e sede nessa hora são imensas).
3) Se revezar nos cuidados do bebê para que ambos possam ter um tempo para fazer uma refeição e tomar um banho com dignidade
4) Fazer companhia sempre que possível. É inexplicável a sensação de solidão que sentimos nas primeiras semanas de amamentação.
5) Lembra-la que o bebê passa por picos de crescimento e demanda mais peito, isso não significa que o leite é fraco ou está em quantidade insuficiente. Quanto maior a demanda, maior a produção. O corpo se ajusta.
6) Contratar apoio especializado se julgar necessário (conte conosco! Consultoras em Amamentação). Somos nós que iremos à casa de vocês para ajudar com os ajustes de pega, explicar o que deve ser observado, ajudar a tratar fissuras mamilares se elas já estiverem instaladas, ajudar a aumentar a produção de leite se for necessário, etc…
Mas e aí… até quando seguir amamentando?
Eu já tive uma discussão virtual com uma ativista da amamentação que defende que o bebê deve determinar o desmame. Seria lindo! Eu vi raríssimas vezes o bebê recusar o peito sem ter nenhum outro bico artificial ou mamadeira envolvida. Sendo assim, não consigo ser conivente com essa ideia.
O desmame, para mim, deve ser gradual, mas deve ser determinado pela pessoa que amamenta! Amamentar é dúbio! É um misto de prazer e cansaço, de alegria e exaustão. E posso falar?! No fim a gente não sabe bem quando vai parar… um belo dia a gente diz: “Tá na hora de ir se despedindo”.
Maya, minha terceira filha está prestes a completar 2 anos e eu não sei dizer quantas vezes eu pensei em desmamá-la. Cada vez que eu estava no meu limite, ela ia passar um ou dois dias na casa do papai e quando voltava eu estava morta de saudades daquele “piercing de mamilos”. Semana passada fiz o maior ritual, tirei até foto da “última mamada” e fui passar 3 dias em BH num Congresso de Aleitamento Humano. Voltei sábado jurando que não ia oferecer o meu peito pra ela. E não ofereci! Hahahhaha. Mentirosa! Eu não verbalizei a oferta, mas vibrei pra ela querer mamar! Vai entender né?! Aí na última madrugada ela quis ficar plugada no peito e eu me lembrei porque queria desmamá-la!
Eu ainda tô ensaiando pra fazer esse desmame porque eu sei que vai ser punk negar o peito pra ela, especialmente à noite/madrugada. Então eu sigo… “só por hoje eu não surtei nem desmamei” tipo A.A.
Ouvi ontem que “eu não quero perder esse poder”. Acho até que pode fazer sentido. Eu me sinto tão insubstituível pra ela quando mama… Talvez eu precise levar isso pra terapia e entender que não preciso mais seguir assim. Eu adoro amamentar. E as vezes detesto. Mas o “detesto” vem do cansaço. Talvez a maior parte dos desmames tenham a ver com isso… e se conseguirmos organizar apoio e acolhimento, podemos estender de forma prazerosa e agradável a amamentação por pelo menos dois anos.