Há uma rachadura em tudo. É assim que entra a luz – Leonard Cohen (1934 – 2016).
Eu sempre gostei do imperfeito,
do assimétrico,
do heterogêneo.
Sempre gostei mais de textura do que do nivelado,
mais de cérebros complexos e mutantes do que dos mansos e precisos.
Por muito tempo achei que minha preferência estava relacionada a minha tendência ao obstáculo e ao caos.
Hoje, mais madura, acho que sempre foi meu faro para a luz.
É que no fim, o capsulado, fechado e “protegido, está sempre limitado, inerte, cristalizado.
Está sempre sucumbido a falsa paz e a segurança ilusionaria.
E, não há como entrar luz em uma caixa fechada.
É necessário rachar,
Se entregar ao toque,
ao beijo,
permitir a retórica, ser vencido por ela.
Romper a caixa,
construir uma nova de “céu aberto”.
Ou, quem sabe,
não construir mais nenhuma,
para permitir que seja noite, para permitir que seja dia.
Em tempo de bolha, em tempo de negação ao toque, é sempre bom lembrar que tudo que é fechado impede a entrada da luz.