Tailândia, destino que seduziu meus olhos por muitos anos. Seja pelo mar turquesa, pelas flores que abraçam o “longtail” e dão a benção espiritual, seja pelos olhos puxadinhos pela etnia e pelo sorriso ou pelas cores em algum neon que não inventaram o nome.
São 513.120 quilômetros quadrados de um país que poderia ter a liberdade no nome, já que é o único no Sudeste Asiático que se livrou das amarras da colonização europeia (terra dos livres – “แผ่นดินแห่งเสรีภาพ”).
Pisar na Tailândia é como pisar em solo espiritual; você tira os sapatos e aprende a reverenciar o divino. Formada por 95% da população budista (Budismo Theravada), a religião é o centro da cultura e faz convites irrecusáveis por toda parte. É impossível não se render à arquitetura dos seus templos, à voz dos seus mantras. O sagrado faz arte em todo metro quadrado e, em um piscar de olhos, você o tatua na pele.
Há algo também hipnotizante no sorriso tailandês. Eles sorriem e te reverenciam como quem acaba de reencontrar um amigo. Lá, o amor e respeito por tudo que é vivo formam uma corrente compulsória e mágica. Ninguém hesita em olhar o que é belo, tampouco fazem cerimônia para tecer elogios ao que vibra aos olhos.
No meu primeiro templo em Bangkok, uma senhora tailandesa de cabelos cor de neblina tocou minhas mãos e, em um gesto gentilmente convidativo, me conduziu para uma conversa frente a frente. Ela pausou seus olhos risonhos para dizer que viu muita beleza em mim. Foi um dos elogios mais lindos que tive nos últimos tempos, não pelas palavras, mas pela condução delas. Pela pausa, pelos minutos brancos que dedicou àquele ato, pela insinuação de que via uma beleza que transcendia o físico.
Os minutos dedicados a um elogio a uma desconhecida são mais um ensinamento tailandês. “Thai time” nos ensina sobre a flexibilidade do tempo e a valorização do presente. A pausa para olhar nos olhos, conduzir os atos com calma e brincar com a fluidez das horas são ideologias que nos direcionam ao “sanuk” (a ideia de que a vida existe para nos divertirmos com ela).
Eu diria que a Tailândia promove uma desintoxicação do Ocidente, um mergulho em uma cultura crua e vibrante. A calma, o riso, a reverência a tudo que é vivo. A benção da rosa branca que pinga água fresca no teu cabelo, o plâncton que belisca tua pele submersa no mar e acende piscas-piscas no seu corpo. O elefante que, com sua pata de toneladas, mostra que a natureza sabe ser terna e gigante.
[…] Um lugar que te faz esquecer o caos ocidental que te engole. Onde a vida brinca com o tempo e o tempo brinca de vida.
Siam: a Tailândia era conhecida como siam desde o período medieval até o século XX. Esse nome foi usado oficialmente a partir do século XV, abrangendo diversos reinos e períodos históricos na região. A mudança de nome para Tailândia ocorreu em 1939, durante o governo de Plaek Phibunsongkhram, como parte de uma campanha nacionalista que visava fomentar a identidade nacional.