Um dia perguntei numa das minhas redes sociais sobre como havia sido a experiência das pacientes quando procuraram o meu trabalho. Felizmente, pude receber vários comentários positivos.
É inegável dizer: todos nós gostamos de receber elogios, não é mesmo?! Comigo não é diferente. E essas trocas, é importante dizer, validam muito do que somos enquanto profissionais. São fundamentais para aqueles momentos em que esquecemos de rebobinar as fitas da nossa própria trajetória.
Uma das pacientes escreveu que, mais do que operar, realizo sonhos e entrego de volta a autoestima. Isso é valiosíssimo, para elas e para mim também. Me faz revisitar um pouco do passado e lembrar de dar ainda mais créditos à jornada até aqui, que não foi e não é fácil muitas vezes. No meio dos meus maiores sorrisos, também há muitas batalhas no percurso.
Não sei se todos sabem, mas, antes mesmo de me tornar médico, me formei em Odontologia, pela Unesp de Araraquara, em 1994. Depois, fui atrás do sonho da Medicina, me graduando em 2000 na PUC-SP. E durante a faculdade de Medicina, eu trabalhava como dentista para ajudar a manter as contas em dia. Se hoje a vida melhorou, é necessário lembrar de quanta água passou debaixo da ponte, de quanto trabalho árduo já foi feito.
Nesta vida cada vez mais acelerada, queremos tudo para ontem. E esquecemos de fazer um tour pelas rotas que já passamos. Com o uso cada vez mais acentuado da internet e das redes sociais, muitos sonhos são vendidos, tudo parece acessível e fácil. Aí é que esquecemos de valorizar os processos, o passo a passo do caminho até chegar perto de onde desejamos.
Para que eu pudesse receber mensagens como citei anteriormente, houve muitas noites de sono, abdicação, entrega, suor… Faz parte. Também não sou um super-herói e algumas vezes, no horizonte, o verbo desistir parecia brilhar mais do que o verbo vencer. Mas aprendi a respeitar o tempo e entender que a pressa nem sempre é a melhor escolha.
Uma escritora chamada Ana Jácomo tem uma frase bonita: “Comecei a aprender a ser mais gentil com o meu passo. Afinal, não há lugar algum para chegar além de mim. Eu sou a viajante e a viagem”.
Somos, portanto, eternos viajantes e viagens. Cabe a nós respeitarmos cada quilômetro de nossas estradas. Às vezes, elas vão ser mais extensas, com vários buracos, desníveis… Até que possamos alcançar rotas mais belas, ladeadas por paisagens capazes de hipnotizar nossos olhos.
Apesar de todas as dificuldades presentes na vida, sou muito feliz na construção dessa minha estrada. E você, já parou para pensar na quantidade de detalhes que já fizeram parte do seu caminho? Ele é feliz, acima de tudo?