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Eram precisamente quatro e trinta e dois daquela madrugada esfriada em pleno inverno atípico dos últimos dias do término e sempiterno agosto.
Concluir agosto, mês da altura do ano em que se perde e pede fôlego. Que se sobe à margem para buscar ar e poder mergulhar novamente. Quiçá o suficiente até dezembro. É quase enxergar a reta final. A tal luz lá no finalzinho do túnel. Aquele mesmo em que cada um tem o seu e aperta os olhos para ver se já está lá.
Os pensamentos fluíam. Ao que me pareceu, um combinado despreparado, imaturos por serem quem são, maduros por serem quem podem se tornar.
Não é à toa que doa eles surgirem na calada da noite. No quase pensar. No quase sol. No quase corpo. No quase cheiro do café moído e embalado por quase silenciosas notas de Dianne Rieeves quando o pedaço que arranca pedaços sussurra “And at times I tink…”
Madrugadas têm disto.
O dom do despertar para rememorar o tom e cor das coisas.
Quando não há palavras ditas.
Quando venta o vento nos espaços vazios.
As notas que cada coisa escolhe para ser composta e decomposta.
Como cada uma escolher ser contada.
Eu Sem Tu.
Passamos a vida “perdendo”, não tendo mais. Muitas vezes distantes de. Sentindo “lonjuras”.
Perdemos entes queridos, coisas, ideais. O tempo todo.
Perdemos o significado que cada coisa é coisa dentro de nós.
Falar deste assunto delicado, no qual culturalmente somos investidos a velar e quando velar, distantes, calar, a olharmos de uma forma negativa o sofrimento, é subverter o óbvio. Questionar. Indagar.
O de sempre.
O normal. A norma. O morno.
Olhar com respeito, conhecimento e carinho nossa trajetória e o agora é um ato de amor. Amor a si.
Que possamos “perder”, o que é inevitável, levantando nossos altares saudáveis para assim, honrarmos nossas “feridas sagradas”.
Obs.: retomei este Texto aos dois dias e meio em que Lola, minha Gata Feminista de oito anos, escapou. A Gata que chegou para fazer parte do meu todo enquanto vivo a Vida. Está tocando em vivências minhas, nossas. Lacan, meu outro Gato, o PsicoGato, espera à porta por ela.
Por aqui, espero.
Eu, por enquanto, sem TU.