Repenseria

30 de março de 2023

Não é a melhor hora para fechar um financiamento

(Foto de Nadine Shaabana na Unsplash)

Você pode ter ouvido falar no noticiário recente ou em conversas próximas que os juros estão altos aqui no Brasil. O debate em torno desse tema chegou até na política e anda bastante acalorado, despertando paixões e reforçando a polarização do País.

Desde 2010, quando me formei na faculdade de jornalismo da USP e iniciei no meu TCC minha jornada de escrever sobre economia de um jeito mais acessível para todes, venho testando novas formas de falar sobre juros de forma simples e democrática.

Não é uma tarefa fácil, admito. Esse tema é complexo e tem várias camadas. Mas eu não desisto dela. Sabe por quê?

Porque os juros altos são um problema estrutural no Brasil, que nos impactam diretamente, geração após geração. E olha só: ele não começou no Governo Bolsonaro e muito menos na Era PT. O buraco é mais embaixo.

Como ponto de partida, quero trazer a fala recente do norte-americano Joseph Stiglitz, vencedor do prêmio Nobel de Economia de 2001, que considera que os juros no Brasil são “chocantes” e equivalem a uma “pena de morte” para a nossa economia.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que aconteceu no dia 22 de março, a taxa Selic, que serve como referência para todos os juros praticados no mercado, foi mantida em 13,75% ao ano.

Isso contribui para que os juros reais do País, calculados quando descontada a taxa de inflação, continuem entre os mais altos do mundo. E ainda assim, as perspectivas são de que a Selic possa subir ainda mais nos próximos meses.

Então, da próxima vez que você escutar alguém relativizando o fato de que os nossos juros estão realmente altos, lembre que eles estão chamando a atenção, inclusive, de pessoas que não têm nada a ver com o nosso complicado contexto político atual.

Tá bem, os juros estão altos. E o que eu tenho a ver com isso?

Um dos principais efeitos diretos dos juros altos na sua vida é saber que agora não é a melhor hora para fechar um financiamento.

Se você ou alguém perto de você está pensando em dar entrada num imóvel ou carro ou fazer uma compra grande parcelada em muitas vezes, vale a pena reconsiderar se não é possível esperar um pouco mais.

Juros altos tornam o crédito caro e o número de pessoas que já não está conseguindo pagar as próprias dívidas está há meses no maior nível já visto. Nunca houve tantas pessoas endividadas e com o nome sujo no Brasil.

Sabendo disso, respira e pensa comigo agora: você precisa mesmo assumir uma dívida longa e cara neste momento?

Não existe uma resposta certa. Às vezes você pode precisar de um carro para conseguir colocar mais dinheiro em casa. Ou descobrir que a parcela de financiamento de um imóvel é mais baixa que o seu aluguel atual. Suas contas podem estar apertadas há meses, estourando o cartão de crédito e o limite do cheque especial.

Há casos e casos. Mas, se você tiver qualquer outra alternativa e puder esperar um pouco mais para fechar um financiamento novo, não tenha dúvida que evitar novas dívidas é a melhor decisão racional para este momento.

E se você quer entender melhor por que os juros estão tão altos no Brasil eu recomendo dois episódios de podcasts que eu gosto muito:

Juros – como eles afetam você e a economiaO Assunto #925, da Natuza Nery;
Como baixar os juros?Mamilos #388, da Cris Bartis e da Ju Wallauer.

E lá no Instagram da Repenseria, que é a minha consultoria de comunicação e conteúdo para o mercado financeiro, eu trago mais algumas dicas para te ajudar a lidar com o seu dinheiro de forma mais inteligente. Me segue por lá e até a próxima coluna!

Jenifer Corrêa

Jornalista formada pela USP, com 15 anos de experiência na área de Comunicação, gerindo projetos de conteúdo e educação financeira. Atuação em grandes instituições financeiras, como B3, Serasa Experian, Itaú e Santander, na agência de notícias Thomson Reuters e nas startups GuiaBolso e alt.bank. Pós-graduada em Administração de Empresas pela FGV. Fundadora da Repenseria, consultoria independente de comunicação e conteúdo, especializada em finanças.

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