Elos, Fatos & Afagos

1 de novembro de 2022

Para o povo do cheiro no cangote

Foto: A foto escolhida tem um significado singular para mim e tem o poder de teletransporte.
Foi através dos olhos dela que eu fotografei a rosa. “Fê, vai lá em cima, tem uma rosa branca, você vai amar”.
A urna tinha o seu nome, Maria das Neves.
(11 de outubro de 2020)

Depois de tanta lágrima,
o grito foi livre.
O coração ainda pede máscara de oxigênio,
mas o peito do brasileiro ainda resiste.
Resiste o samba no pé,
a empatia no peito,
a raiz tupiniquim,
o batuque do olodum.

Depois de tanta lágrima,
o brasileiro ainda tem cheiro de cidreira do jardim da Dona Helena,
de “cafézin” no fim de tarde,
de eucalipto que abre a serra,
de cangote de banho tomado.

Depois de tanta lágrima,
finalmente, o luto pode ser abraçado por 60.341.333 de votos.

E já que a gente não pôde enterrar dignamente os nossos mortos,
que por eles,
a gente enterre o nosso ódio.

Para o meu povo: […] que a gente se lembre que o AMOR ainda é a corrente mais poderosa do mundo. E, depois disso tudo, por questão de raiz e sobrevivência: é necessário ter afeto nos poros.

Fernanda Padilha

Advogada, professora, especialista em Direito de Família e Sucessões e Doutoranda em Direito Civil pela Universidade de Buenos Aires, Argentina.

Escritora do Projeto Cultural Útero (Projeto aprovado pela Administração Pública Municipal e que tem como objetivo abordar pautas feministas de forma artística).

Amante da arte e defensora dos emocionados. Acredita no poder desmistificador das palavras e na força revolucionária do afeto.

  fernanda.padilha.ppndadvogados@gmail.com