AFETadOS

19 de outubro de 2022

Para tudo!

@yuvalrob

Silêncio.

“Eu quero ouvir o que me diz a imensidão” *

Existem silêncios que falam tanto, como existem sons que não nos dizem nada.

Já perceberam que alguns incomodam, enquanto em muitos momentos são tão necessários?

Mas, silenciar não é a mesma coisa que calar.

No Yoga, por exemplo, o som OM também é chamado de Brahman Shabda Brahman, Omkarathe advaita-mantra ou, o som do silêncio…

O OM também é chamado pranava, o controlador da força vital ou da vida e doador de prana. De acordo com a filosofia indiana é o som do qual todo o Universo foi criado.

No dicionário, encontraremos como sinônimos quietude, mutismo e calar-se.

“Sileo” diz respeito ao vazio que nos constitui, ao silêncio estrutural da pulsão, é o silêncio que habita a Linguagem, o impossível de dizer, disse Jacques Lacan no texto “A lógica da fantasia”.

O silêncio não dispensa alguém da linguagem, mas é lugar, como um toque de leve na linguagem, uma integração do discurso.

O silêncio não é vazio, ele tem sentido. Não aponta para falta, mas, para um horizonte. Lugar de mistério da palavra. Onde os afetos têm som.

Para Winnicott, o terapeuta que é capaz de esperar e de permitir que o paciente caminhe no seu próprio ritmo, pode ser comparado ao cuidador principal que seja capaz de permitir que seu Bebê processe e experencie as coisas no seu tempo, seu todo particular, único e vivencie uma experiência total.

Quando paramos para ouvir esse silêncio, temos a oportunidade, se formos maduros para tal façanha, de desnudar o silêncio, escutá-lo para bem dizer sobre ele, para ser sentido, se for necessário, dar-lhe sentido, acolhê-lo.

E em cada silenciar, uma conquista.

Silêncio.

Pra eu encontrar todas as folhas que eu juntei por essa estrada que me traz até a mim. *

E você, já parou tudo?

*Silêncio, Música de Maria Bethânia.

Angélica Fontes

Psicanalista Winnicottiana, Educadora e Professora de Psicanálise e aprendiz de Psicologia.