Faz 2 minutos que terminei a terapia e o mantra da minha terapeuta foi: “leveza, Fê”.
É que quando estou carregando um carrinho com três tijolos para terminar o bloco da casa 6, coloco mais 3 toneladas para tentar construir a mansão da casa 7. Uma irritante mania de querer dominar o condomínio inteiro.
Depois a vila.
Depois a cidade.
Tudo isso em fração de segundos, porque eu sempre tenho pressa.
Meu cérebro desafia a noção de tempo e espaço e hoje vive em descompasso com seu mentor da lateral direita.
Esse desatino do medo tem até nome de Síndrome.
Mas eu o desafio.
É que eu sempre gostei de ir ao centro do medo, como quem estuda todas as suas partículas para conhecer a sua natureza. Reviro tudo, o avesso (me) vira.
O chamo para um duelo. Não sucumbo a sua paralisia. Meu coração pode ir parar na boca, desde que ele não desista do batimento que move.
Monto meu campo de combate. Respiro e vejo.
Arte. Capim cidreira. Uma mãozinha que acaricia meus cabelos. A gentileza da moça que parou para procurar comigo a rota. A fumacinha do incenso que dança. A maneira que o sol toca o rosto pela manhã como quem gosta de deslizar a mão pela face sem grandes movimentos. O jeito que ele mapeia meu corpo. O riso que parece nado sincronizado. Cheiro de pó de café. A língua dela azul de sabor blue ice. O êxtase da liberdade dançando comigo em uma pista de luz verde. A nuvem amarela que ficou rosa e coloriu a quarta semana de primavera. O beijo salgado de maresia.
Para cada medo que me algema, uma lista do que movimenta cada célula.
A minha carta na manga é o que pulsa no meu peito, amor.