Eu tenho minhas teorias. Penso que é devido aos seguintes fatores que descrevo abaixo:
As pessoas de um modo geral não conhecem todas as possibilidades de investimento. Não conhecendo acabam destinando o dinheiro poupado no mês no instrumento financeiro de investimento mais na mão que existe: a caderneta de poupança. Uma espécie de IGNORÂNCIA FINANCEIRA. A ignorância é perdoada apenas para as pessoas que de fato desconhecem. As que conhecem e não mudam suas atitudes empurram o problema com a barriga e arcarão conscientemente com o resultado.
As pessoas têm uma grande AVERSÃO AO RISCO, portanto optam por manter seus investimentos na poupança por acharem que ela não oferece risco e ainda rendem alguma coisa.
Acredito também que um grande fator que influencia a escolha pela poupança na hora de investir é a COMODIDADE. O que impera na nossa vida é a lei do mínimo esforço, fazemos o que nos parece mais fácil, mais rápido, independente do retorno que isso dê. Nossa visão de futuro é míope, preferimos recompensas no curto prazo e que nos traga satisfação imediata.
CULTURA é um outro ponto. Ao longo dos anos fomos educados tanto em casa quanto pelos meios de comunicação que a poupança é o investimento sem risco, que o que está ali ninguém pode tirar (e a história econômica recente do Brasil nos diz o contrário). No entanto, o mercado financeiro brasileiro se modernizou muito nos últimos anos e hoje temos diversos papéis, das mais diferentes rentabilidades e graus de risco para todo tipo de perfil de investidor.
LIQUIDEZ DIÁRIA: muitas pessoas usam a poupança como uma espécie de fluxo de caixa, uma forma de resgate rápido para cobrir momentos do mês em que a situação fica mais apertada. Adicionado a isso, tem-se a sensação que mesmo num período tão curto de tempo meu dinheiro rende um pouco. No entanto, existem diversos investimentos como papéis do Tesouro Direto, Fundos de Investimentos e CDBs que também propõem liquidez diária.
Na poupança não incide imposto de renda. Isto é fato, porém no mercado existem diversos investimentos que também não tem incidência de imposto, como as LCIs e LCAs. Outro ponto, dependendo do prazo que você deixar seu dinheiro investido, mesmo nos investimentos que paga-se IR, a rentabilidade é muito superior à da poupança, onde o imposto recai sobre a rentabilidade e não sobre o valor investido.
A Profa. Vera Rita de Mello Ferreira, psicanalista e especialista em Psicologia Econômica, diz que na sabedoria popular, a gente diz que só pensa quando precisa muito, se não precisar muito, só empurra com a barriga. Ou então, que a gente só se mexe de verdade, quando a água começa a bater no nariz. Então concluo que para vencer hábitos enraizados, crenças limitantes e apatia financeira é preciso que o senso de urgência bata à nossa porta, que a dificuldade gere ação ou que algo externo e representativo que mexa com nosso instinto de sobrevivência, fale mais alto e leve-nos a tomar a rédea de nossa vida financeira.