Foto da capa : @natescudeiro
Rio de Janeiro sempre foi um amor antigo e reincidente, mas Santa Teresa foi meio que como descobrir um novo batimento dentro desse amor.
Um batimento que te faz subir de bonde, passar em cima dos Arcos da Lapa. Que tem paredes coloridas, muros de pedra, poesia no poste. Com vista para o verde e para o caos. Para a favela e para uma mansão bonita que parece ter saído de um filme clichê.
Ruas de pedra, boutique sofisticada na esquina. Um “q” hippie dos anos 70. Um ar intelectual e alternativo, popular e singular. Atmosferas antônimas dançando entre ruínas e galerias de arte.
Paredes com as pinturas desgastadas que parece que escolheram o tempo para fazerem A-r-t-e. Fios elétricos abraçados pela vegetação local.
Na calçada, uma mala de couro marrom que sustenta uma favela de papelão. Na vitrine, cores que curam o preconceito e, no canto direito, Mariele Franco, como quem ainda grita.
Do outro lado, uma rua de paralelepípedo que tem um prédio com um pouco mais de três andares, quatro, quem sabe (chuto). Na cobertura, um moço que canta Jorge Ben com a voz rouca. Uma voz que parece ter cheiro de camomila com mel.
Na esquina, como todas as outras, tem uma mesa de boteco, um copo de boteco, um samba, seu Antônio e 5 homens fazendo jus a boêmia carioca.
Eu diria que o bairro que já foi reduto da antiga aristocracia, hoje, deixa um contraste quase hipnótico.
É que topo colina, com vista para a baía: Santa Teresa está sempre pulsando.
Fotos: Santa Teresa, Agosto de 2021.