@tutehumor
Gozar, de deleitar. Deliciar e desfrutar. Brincar com o tempo. De levar o tempo para passear. De fazer o tempo perder a hora. Tempo, cronos. Dias, horas, momentos. Estar. Sentir.
Existem muitos caminhos para olharmos e tecermos linhas e pensamentos sobre o tempo. Tempo de ontem, de agora, do porvir. Talvez aquele que deixei ir. O qual escolhi. Muito menos vivi. Aquele de outrora, o mesmo que não volta.
Você já parou para pensar no tempo?
Tenho pensado. Penso que na verdade ele tem pensado em mim. Ele anda meio endurecido, longe de estar derretido. Temos nos esbarrado por aí. Confesso que quando ele me olha, olho de canto. Hesito.
Você já parou para olhar o tempo?
Eu já tentei. Me apaixonei. Vi o futuro repetir o passado. Não resisti. Desisti.
Você já parou para cheirar o tempo?
O meu cheira lembranças. Relembramentos. Encantamentos. Risos, choros, chegadas e partidas. Algumas memórias não nomeei. Não deu tempo. Acho que esqueci de repousar meu olhar. Fui tragada com leveza, pra longe do tempo.
Você já parou para dançar com o tempo?
Tropeço. Às vezes peço para ele me conduzir, pra tocar em mim. Fecho os olhos e permito que suas notas percorram meu corpo. Me movimento. Aconteço. Da melodia à harmonia.
Mas, escolho abrir os olhos.
Você já sentiu o tempo?
Eu já tentei. O toquei por segundos. Senti sua mudança. Sua textura. Assim, me senti. Me percorri. Mas, por medo o deixei partir.
Você já beijou o tempo?
Nos encontramos neste outono. Ele me encontrou perdida em mim. Durou segundos, o agora virou espaço, o contrário do abraço. Nossa respiração que foi compasso, perdeu o passo.
Você já andou com o tempo?
O tempo nunca perde tempo. Seus passos são precisos. Decididos. Nunca corre. Não tropeça e nunca cessa.
Você já ouviu o tempo?
Eu precisei percorrer quilômetros e conhecer outras altitudes para enfim, ouví-lo.
Calmamente, me ofereceu tempo e perguntou de quanto tempo eu preciso…
Eis a velha querência.
Ânsia pela vivência.
Acho que ganhei tempo.
Você já encontrou o tempo?
Dica de Leitura
Sociedade do Cansaço
Byung-Chul Han
Padecemos. Somos frutos de uma sociedade repressora, disciplinar e coercitiva que nos colocou frente a violência neural. E respondemos a isto. O tempo tem tomado outras formas. Nossos corpos têm respondido de outras formas. O aumento significativo das depressões e burnout são umas das provas. Este livro transcende o campo filosófico e vem como auxílio para que compreendamos os novos problemas do século XXI.