É normal e quase que um mantra entre os consultores financeiros a necessidade do hábito de se planejar e se manter um orçamento financeiro. Basicamente em toda sessão de consultoria com clientes abordo os números daquela pessoa, entendemos os comportamentos de consumo através do que aqueles números estão representando. Um orçamento é tão fundamental para um consultor quanto um exame Raio X para um médico ortopedista, por exemplo. Através desse orçamento conseguimos diagnosticar e entender os problemas das pessoas com relação ao dinheiro.
Um orçamento é a ação/ato ou efeito de orçar, é o levantamento de todos os gastos que serão realizados com determinado planejamento. Por exemplo, um orçamento público prevê as receitas e as despesas a serem realizadas durante um período pela administração pública. Um orçamento pode ser entendido como a expressão monetária e quantitativa de um plano.
O orçamento talvez seja a ferramenta mais importante do planejamento. O planejamento estratégico é o que norteia qualquer empresa na busca de seus objetivos. Dentre as etapas do planejamento, o ponto que trata da definição de metas e objetivos é pautado na análise dos ambientes internos e externos da empresa, através de contextos macro e microeconômicos. Consegue perceber o quanto a estratégia empresarial se assemelha às questões pessoais no que tange a economia, especialmente aquela que trata das finanças pessoais?
O feedback mais comum que recebo quanto proponho ao cliente o desenvolvimento de um orçamento doméstico é que ele é moroso, chato e trabalhoso. Mas ele é necessário, ele é fundamental, pelo menos por um período. Sendo ele o retrato da sua situação financeira, ele é base para toda e qualquer tomada de decisão: decisão de investimento, de consumo, de financiamento e até mesmo de empréstimo.
Nós seres humanos temos necessidades ilimitadas, temos demandas intermináveis, somos seres que a todo momento estamos mudando nossas prioridades, vontades vêm à cabeça na mesma rapidez com que acendemos a luz. No entanto, para a grande maioria das pessoas a renda é limitada, pouca, muitas vezes escassa e para muitos insuficiente.
Para conseguirmos dar conta de atender todas essas demandas é preciso então que saibamos, pelo menos minimamente, se conseguiremos arcar com os custos provenientes de cada escolha, caso contrário estaremos dirigindo em uma estrada com olhos vendados.
Não é assim que você se sente? Dia após dia, mês após mês, o relato de muitos é o seguinte: “eu sei como eu começo o mês, mas nunca sei ao certo como vai terminar” ou “sobra mês no final do salário”.
Talvez você já tenha tido contato com um balanço patrimonial de uma empresa, não querendo me alongar nesse item, mas o balanço patrimonial é o retrato do que a empresa possui (seus ativos) e o que ela deve (seu passivo). A diferença é o que ela possui, o patrimônio líquido. Veja como se assemelha e muito ao orçamento para o controle de suas finanças. Este orçamento verificará o que recebemos ao longo do mês, suas receitas com salário, bônus, férias, e os mais diversos recebíveis e contabilizará nossas obrigações com financiamentos, despesas com luz, supermercado, lazer, entre muitos outros.
Obviamente, a diferença do que você recebe para o que você paga é o saldo do final desse período. Até aqui sem nenhuma novidade. Você até tem uma noção da sua vida financeira sem um orçamento, basta ver o que sobra na sua conta (ou carteira) no final do mês. Você certamente já sabe da sua situação financeira, se está no 0 a 0, se está endividado ou se consegue guardar uma parcela do seu ganho. Mas a grande sacada da manutenção do orçamento é saber com exatidão para onde está indo seu dinheiro e conseguir responder a seguinte questão: “Eu trabalho tanto e no final do mês não sobra nada. Mas eu não gasto com nada diferente. Onde será que gasto? Pra onde vai meu dinheiro?”.
O que você vai perceber é que mesmo com o aumento contínuo dos seus ganhos, sua qualidade de vida e, principalmente, a qualidade dos seus gastos não mudaram. Você consegue perceber que o aumento das suas despesas aumentam na mesma proporção ou ate mais que seus ganhos.
Levando em consideração o que Ross fala, sobre balanço patrimonial podemos colocar isso em prática no orçamento doméstico, pois é exatamente isso que o orçamento doméstico faz, verificará o que recebemos ao longo do mês, que é os nosso ativos, averiguará o que devemos (passivos ou exigíveis) e constará o que sobrou, onde poderemos investir. A importância de fazermos um orçamento doméstico é pensar no futuro, quais são as minhas expectativas para os meus rendimentos no futuro, o que farei com esses rendimentos, já que pensando no futuro vou verificar quais são as minhas despesas, se posso reduzi-las, se posso assumir novos investimentos ou financiamentos.
Quando fazemos um orçamento doméstico, ele demonstrará duas possibilidades, saldo positivo ou saldo negativo, se ele demonstrar saldo positivo, poderá começar a pensar em como investir, se comprovar saldo negativo, teremos que pensar em como reduzir as minhas despesas e, se isso não for possível, analisar as diferentes formas de aumentar o rendimento. Muitas pessoas não dão importância ao orçamento doméstico, mas Cerbasi (p 19) descreve que futuro de vocês e de seus filhos é conseqüência não só das decisões de hoje, mas também do que gastam no dia-a-dia, além do orçamento familiar ser a única maneira de fugir de situações financeiras difíceis e principalmente de endividamentos. Resumindo, o orçamento doméstico, é uma forma segura de evitar dívidas e principalmente de alcançar todos os objetivos e conquistar aquilo que se sonha, tornando a vida mais segura e tranquila. Um adequado orçamento familiar deve considerar tanto as realizações de curto, quanto de médio e longo prazo. Fazer um orçamento doméstico não é difícil, porém além de aprender a fazer ele, devemos nos disciplinar e segui-lo.
O primeiro passo é saber com o que o dinheiro está sendo gasto, com isso deveremos citar todas as despesas fixas, como: água, luz, telefone, gás, condomínio, transporte, educação, assistência médica, alimentação, entre outras, considere as despesas ocasionais, como: remédios, consertos em geral, cabeleireiro, mecânico, lazer, impostos, entre outros, após o levantamento das despesas, tanto fixas, quanto variáveis, deve-se fazer uma classificação das entradas, ou seja, todo o dinheiro que entre durante o mês, bem como: salários, pensões e outros tipos de renda que são recebidos ao longo do mês, após esses dois levantamentos, devem-se agora fazer um balanceamento das receitas e despesas mensais, se o seu saldo for positivo, deve- se agora pensar em investimentos, para poder aumentar o valor das receitas, se o seu saldo for negativo deve-se fazer alguns ajustes, identificando os gastos que podem ser eliminados ou reduzidos, ou seja, a conta a ser feita é:
Receitas – Despesas = Investimentos
CERBASI (p. 39) descreve: Gastem menos do que vocês ganham e invistam a diferença. Depois reinvistam seus retornos até atingir uma massa crítica de capital que gere a renda que desejam para o resto da vida
Com o Orçamento doméstico é possível se planejar para separar uma quantia mensal, com a finalidade de investir, o resultado desse investimento será o alcance de sonhos da família, como: fazer uma viagem, reformar a casa, trocar de casa, entre outros sonhos. Fazer orçamentos auxilia no planejamento financeiro pessoal, e isso não está ligado à faixa de renda, mas sim à visão de como cuidar do bem-estar do bolso.