Que enorme prazer poder escrever sobre a vida real de uma mãe e desmistificar um pouco desse romantismo criado para nos fazer sentir cada dia mais culpa em não dar conta de tudo!
Muito prazer, meu nome é Ana Paula Schimidt Garbulho.
Sou a terceira filha da dona Benê e do Sr. Natalino Garbulho Junior (que se despediu cedo demais de nós por conta de um câncer de bexiga).
Canceriana raiz, a quem interessar possa, já tive dois casamentos de papel passado e estou de véu na cabeça e bouquet nas mãos pro próximo.
Vivi quatro gestações, uma anembrionária que abortei espontaneamente às 12 semanas e pari três filhotes lindos: Bruno de 10 anos, Melissa de 7 anos (ambos do segundo casamento) e a Maya, minha bebê não planejada mas muito desejada que chegou no meio da pandemia.
Meus filhos são minha paixão mas eu sei que existe vida além da maternidade e a amo!
É sobre isso que a gente vai conversar aqui nessa coluna, combinado?! Ninguém nasceu mãe e ser mãe não pode ser sinônimo de martírio!
Desde que tenho consciência sobre minhas memórias, sempre fui apaixonada por grávidas.
Quando eu tinha 18 anos minha irmã engravidou da minha primeira sobrinha e eu fiquei fascinada por esse universo dos cuidados de bebês e famílias.
Por um enorme desejo reprimido de ser mãe (porque me casei pela primeira vez aos 18 anos com o meu namorado que tinha desde os 13 e ele não queria ser pai), me aproximei demais dos cuidados da Sophia.
Fui então convidada à ser sua babá e foi aí que minha vida mudou completamente.
Saí da área de publicidade e comunicação visual (a que eu provavelmente seguiria carreira) pra me tornar babá! E me realizei demais!
Devorava revistas como “Pais & Filhos” e “Crescer” já que naquela época a internet não era tão acessível.
Eu fazia de tudo pela Sophia… Shantala (massagem para bebês), colocava música clássica pra ela ouvir enquanto dormia (porque li que ajudava a aumentar o Q.I.), a levava na natação (pra desenvolver habilidades motoras e socialização), ensinava cores, formas, músicas, cuidava da alimentação, da roupa, do desfralde… eu era a sua “Babú” e durante 2 anos minha vida foi tomando outras formas e rumos. Enquanto cuidava da “Sophis”, descobri a profissão de Doula (lendo a Pais & Filhos) e decidi cursar enfermagem.
Iniciei pelo técnico, me tornei também doula, depois me tornei doula pós-parto e então ingressei na USP em 2008.
Me formei Obstetriz em 2011, mesmo ano que dei à luz o Bruno num parto domiciliar planejado.
O que descobri de 2003 à 2011: ser tia, babá ou “Babú” não tem nada a ver com ser “mãe”! A responsabilidade é outra!!
Ter sido babá e doula pós-parto me ajudou a ter experiência em trocar fraldas e me preparar para a amamentação mas definitivamente não tem nada que se possa fazer pra estar pronta pra missão “maternidade”.
É por isso que aceitei o convite de escrever pra essa coluna!
Sendo mãe de três e trabalhando com famílias há 18 anos, conheço muito de perto os sentimentos que permeiam a maternidade real. Culpa, sem dúvidas é o maior deles.
Ser mãe é aprender o significado da palavra RESILIÊNCIA em toda sua essência. Vem comigo e vamos dividir essa “culpa” pra ficar mais leve!
E só pra começar, repita comigo: “Deus me livre meus filhos não terem o que falar mal de mim”.
Sororidade é a palavra de ordem nessa coluna!
Um abraço,
Ana Garbulho