Alternativa saúde

10 de novembro de 2022

De que forma a cannabis pode ser utilizada em pacientes com câncer?

Existem vários estudos que apoiam o potencial papel anticancerígeno do CBD. Em vários deles há evidências de que o CBD diminui o crescimento de tumores de pulmão e próstata, provoca a morte celular de células cancerígenas de cólon, pulmão e cérebro e reduz a disseminação (metástase) do câncer de mama. 

Atualmente, existem alguns estudos em humanos que examinaram o papel anticancerígeno do CBD.

Aqui estão alguns exemplos:

  • Em um estudo com 119 pacientes com câncer (a maioria dos cânceres eram metastáticos e as terapias tradicionais contra o câncer haviam se esgotado), o óleo CBD foi administrado três dias antes e três dias fora do cronograma (https://doi.org/10.21873/anticanres.12924). Na maioria dos pacientes, uma melhora no câncer foi observada, como uma diminuição no tamanho do tumor. Nenhum efeito colateral do CBD foi relatado.
  • Em um estudo de caso, um homem idoso com câncer de pulmão recusou quimioterapia e radioterapia tradicionais para seu tratamento contra o câncer e, em vez disso, autoadministrou óleo CBD (https://doi.org/10.1177/2050313X19832160). Após um mês de uso do óleo CBD, uma tomografia computadorizada (TC) revelou quase total resolução de seu tumor pulmonar juntamente com uma redução no número e tamanho dos linfonodos torácicos.
  • Em outro estudo, dois pacientes com gliomas agressivos (um tipo de tumor cerebral) receberam cápsulas de CBD, além da quimioterapia e de um regime polimedicamentoso (https://doi.org/10.3389/fonc.2018.00643). Ambos os pacientes tiveram uma resposta positiva ao tratamento sem evidência de piora da doença por pelo menos dois anos.

CBD e tratamento de sintomas relacionados ao câncer

Há evidências científicas, embora limitadas, de que CBD, THC ou uma combinação dos dois podem ser eficazes no alívio de certos sintomas relacionados ao câncer, como dor, perda de apetite e náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia. Em 1975, um estudo randomizado (https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM197510162931603) testou a cannabis, descobrindo que o THC reduzia o vômito causado pela quimioterapia. Em 2020, um estudo multicêntrico de Fase II (https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(20)39996-8/fulltext/) investigou um extrato combinado de cannabis THC e CBD para náusea induzida por quimioterapia. O estudo descobriu que a combinação THC com CBD foi associada à redução de náuseas e vômitos. É importante ressaltar que nenhum efeito colateral adicional foi observado nos pacientes que receberam THC e CBD.

Há ainda o exemplo dos medicamentos Marinol (dronabinol) e Cesamet (nabilone), que são formas sintéticas de THC, aprovados nos Estados Unidos para o tratamento de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia. Pesquisas sugerem que o dronabinol também pode melhorar o sabor dos alimentos, apetite, sono e qualidade de vida em pacientes com câncer (https://doi.org/10.1093/annonc/mdq727).

Além disso, um spray bucal que contém THC e CBD (chamado Sativex) está sendo investigado por seu papel no tratamento da dor do câncer (especialmente dor relacionada aos nervos) que é mal controlada pelos opioides (https://doi.org/10.21037/apm.2017.08.05). 

Por fim, a pesquisa descobriu que na população em geral (não necessariamente em pacientes com câncer), o CBD pode reduzir a ansiedade e melhorar a qualidade do sono (https://doi/org/10.7812/TPP/18-041).

Em quanto tempo os resultados podem ser notados?

Isso torna difícil avaliar com precisão quanto tempo levará para que o óleo CBD funcione para cada indivíduo. Cada pessoa é diferente e tem uma química corporal única. As pessoas também têm dietas e estilos de vida variados e lutam contra diferentes problemas de saúde. 

Entretanto, a cannabis vem sendo utilizada de forma satisfatória em pacientes com câncer, de forma a agir nos sintomas provocados pelos efeitos colaterais do tratamento da doença. Ela atua positivamente na analgesia, que é a melhora da dor, e também funciona como um antiemético, pois melhora a náusea, algo que é bastante comum após sessões de quimioterapia. 

André Freitas Cavallini

Dr. André Cavallini, médico da Clínica Gravital.
@clinicagravital

Formado pela Universidade Cidade de São Paulo, com residência médica pelo Núcleo de Otorrinolaringologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, e Medicina do Sono de São Paulo.

Certificado Internacional em terapias à base de Cannabis, pelo GreenFlower Academy.

Membro da Associação Brasileira das Indústrias da Cannabis (ABICANN).