Ah, que dor nas costas.
Amanheci assim e não sei se é o peso da idade ou das minhas escolhas.
Me espreguiço, tento relaxar e alongar os músculos.
O que queria mesmo era relaxar a mente de todo caos acumulado.
Contas, corpo perfeito, casa arrumada, pizza, lasanha ou salada de alface pro jantar?
Esquerda, esquerda, esquerda, direita. Não tá fácil achar alguém nesse app.
Tudo fora do lugar (ou como deveria estar?), já não sei mais.
As costas ainda doem, provavelmente resultado de uma vida onde o corpo é pouco cuidado.
Não dá tempo.
Casa, filhos, trabalho, boletos, pega ônibus, pega chuva, vai ao mercado, lava roupa, louça, quando mesmo posso lavar a alma de ter que fazer tantas escolhas?
Ah, não me entenda mal, a vida é boa sim.
É que as minhas costas ainda doem, sabe, aí não consigo ter a mesma agilidade para resolver tudo ao mesmo tempo, fico um pouco chateada com isso.
Afinal, aprendi que isso é ser mulher, não é?
Aguentar tudo e mais um pouco.
Decidir por quase todos: “pergunta pra sua mãe”, “escolhe você o restaurante”, “o filme que você escolher, querida”.
Acho que nós, mulheres, deveríamos ter mesmo um HD extra para caber tantas informações.
Talvez ele também lotasse. Será que vem daí a dor nas costas?
É hora de pegar o ônibus, passar na farmácia e comprar um remédio (para a dor nas costas), porque as coisas não se resolvem sozinhas.
A gente sempre precisa dar um passo e fazer escolhas (mais).
E se eu puder te dar um conselho: Cuidado! Com suas costas e com as escolhas.
Quem sabe, uma hora a gente consegue tempo para o que realmente importa, como tomar um gin e vendo o pôr-do-sol.