Elos, Fatos & Afagos

13 de dezembro de 2022

Gente Serotonina.

Começo fazendo uma confissão, afinal, para alguém que vive reclamando da falta de tempo, confesso que acabo de passar algumas horas buscando uma cena da novela mulheres apaixonadas.
Lembro que a cena tinha sido interpretada pela atriz Christiane Torloni e eu, no auge dos meus 10 anos, a fixei na mente de uma forma tão sobrenatural para uma menina que achei justo perder minhas últimas horas nessa “caçada desenfreada”. O resultado? Nenhum! Já estou quase acreditando que o capítulo foi escrito pela mente fértil de uma pré-adolescente, hahaha.
Brincadeiras à parte.
Mas, Helena, (personagem interpretada por Christiane), se intitulava uma mulher apaixonada. Mas não se referia a paixão pelo outro. Ela se dizia apaixonada pela própria paixão.
E embora naquele momento eu ainda fosse abraçada por todo o conceito do amor romântico, (cuja origem poderia ser explicada em todos os filmes mela cueca que assisti ao longo da minha, até então, “década de vida”), senti o ruído daquela frase.
Hoje, também ouço o eco.
É que acho que pessoas como Helena são um tipo de serotonina,
conseguem caminhar em todos os tempos verbais e poderiam fazer morada no gerúndio, pois estão sempre “sendo”.
São ruidosas e vivem em constante sede.
Para esse tipo de gente, paixão não é um estado, é predicativo do sujeito.
São alimentadas pela libido que é conjugar o verbo viver. São do time do mergulho. Da mudança de rota. Do beijo na chuva. Do diploma no baú e pé na areia ou diplomas na parede e nova profissão na terceira idade, por que não?
Pessoas que colocam fogo na cama. No título. No morno. Moram nos minutos antes do palco ou no segundo que antecede o beijo.
São doses de serotonina. Caos que impulsiona. Tequila antes da pista. Filhos fiéis do próprio s-e-r.
E, sobretudo, xotes de vida.
(…)
Por uma garrafa inteira delas!

Fernanda Padilha

Advogada, professora, especialista em Direito de Família e Sucessões e Doutoranda em Direito Civil pela Universidade de Buenos Aires, Argentina.

Escritora do Projeto Cultural Útero (Projeto aprovado pela Administração Pública Municipal e que tem como objetivo abordar pautas feministas de forma artística).

Amante da arte e defensora dos emocionados. Acredita no poder desmistificador das palavras e na força revolucionária do afeto.

  fernanda.padilha.ppndadvogados@gmail.com