Ainda não sei, mas vou saber

28 de junho de 2023

Seja como flor

A gente se fecha, entristece, murcha.
Como se fosse uma flor sentindo a falta do sol.
Absorve menos nutrientes, menos ar puro, menos afeto.
E mesmo que fale, que grite, nem todos têm olhos para ver.
O tempo passa.
Cai uma.
Duas.
Várias pétalas já se foram.
O que será de mim?
Não virei buquê de gesto de amor.
Não fui roubada por um romântico apaixonado.
Não fui convidada pra decorar o salão de festas de casamento.
Nem minhas pétalas foram jogadas na cama da suíte de núpcias.
Não fui escolhida.
Fui esquecida?
Qual o meu fim?
Adormeci sem saber quantas pétalas mais iria perder.
Amanheci num lindo jardim.
Um simpático senhor olhava para mim, dizia: “vou cuidar de você”.
Senti o sol aquecer meu corpo, ainda tinha vida pulsante em mim.
Veio o conforto, a paz.
Me reconstruí.
Hoje, sou a mais bela roseira daquele quintal.
Dei muitos brotos, rosas vermelhas, cor de amor fugaz.
Não nasci para ser podada.
Minha história não é sobre seduzir.
É ser semente, inspiração.
É sobre deixar um legado de beleza que enche os olhos de quem passa na rua e olha para o nosso quintal, respira fundo e se lembra que ainda existe esperança de dias melhores.

Foto de Klim Musalimov na Unsplash

Aline Amorim

Jornalista, Pós-graduada em Acessibilidade, Diversidade e Inclusão, mãe de meninas e pets.