Dá Trabalho

1 de junho de 2024

Jovens são os mais afetados pelo desemprego no Brasil

O mercado de trabalho apresenta diversos desafios para todo trabalhador, entretanto, a população jovem é especialmente desafiada. No Brasil, essa situação é crítica. Entre os 215 milhões de habitantes do país, os jovens de 14 a 24 anos representam 17% da população. No entanto, essa faixa etária corresponde a 55% do total de desempregados. Esses dados refletem uma realidade complexa e multifacetada, na qual a falta de experiência e a escassez de oportunidades são fatores preponderantes que dificultam a entrada dos jovens no mercado de trabalho.
A principal barreira que os jovens enfrentam ao buscar emprego é a falta de experiência. O mercado de trabalho frequentemente exige habilidades e competências que os jovens ainda não tiveram a oportunidade de desenvolver. A exigência prévia cria um ciclo vicioso: os jovens não conseguem emprego porque não têm experiência e não têm experiência porque não conseguem emprego. Essa situação é exacerbada pelo fato de muitas empresas preferirem contratar profissionais com histórico comprovado, na tentativa de minimizar riscos e custos associados ao treinamento de novos funcionários.
Outro fator é a falta de qualificação. Muitos não têm acesso a uma educação de qualidade ou a cursos técnicos e profissionais que os preparem para as demandas do mercado. Mesmo aqueles que conseguem concluir o ensino médio ou superior muitas vezes saem despreparados para enfrentar as exigências práticas do ambiente de trabalho, devido à falta de um currículo educacional que conecte teoria e prática de maneira eficaz.
A discriminação etária é um problema significativo. Muitos empregadores têm preconceitos contra a contratação de jovens, associando juventude à imaturidade, falta de comprometimento ou pouca responsabilidade. Essa visão estereotipada desvaloriza o potencial dos jovens e ignora as vantagens que eles podem trazer para as empresas, como inovação, energia e perspectivas frescas.
Os jovens também sofrem com a falta de uma rede de contatos profissionais. No início de suas carreiras, eles ainda não desenvolveram um networking sólido, o que é frequentemente crucial para encontrar oportunidades de emprego. A ausência de conexões no mercado de trabalho coloca os jovens em desvantagem, pois muitas vagas são preenchidas por meio de indicações e relações pessoais.


A resistência do mercado e as dores dos jovens


A constante rejeição por parte do mercado de trabalho gera frustração e desânimo entre a juventude. Enviar currículos e participar de processos seletivos sem sucesso repetidamente pode minar a confiança e a autoestima de qualquer pessoa. Esse sentimento de inadequação e incapacidade podem ter impactos profundos na saúde mental, levando a problemas como ansiedade e depressão.
A dificuldade em conseguir um emprego estável coloca os jovens em uma situação de instabilidade financeira. Sem renda fixa, muitos dependem do apoio financeiro de suas famílias, o que pode gerar tensões familiares. Aqueles que conseguem empregos informais ou de baixa remuneração frequentemente enfrentam condições de trabalho precárias, sem garantias trabalhistas ou benefícios, agravando ainda mais a situação.

A falta de oportunidades no mercado de trabalho perpetua a desigualdade social. Jovens de famílias menos favorecidas enfrentam barreiras ainda maiores, pois não têm os mesmos recursos ou acesso a redes de apoio que podem facilitar a inserção no mercado de trabalho. Essa desigualdade cria um ciclo de pobreza e exclusão social que é difícil de quebrar.
Quando os jovens não conseguem se inserir no mercado de trabalho, a sociedade como um todo perde. O talento e o potencial inovador dos jovens são desperdiçados, privando empresas e comunidades de ideias frescas e novas perspectivas. A falta de diversidade etária nas equipes de trabalho limita a capacidade de inovação e adaptação das empresas em um mundo em constante mudança.
Para mudar esse cenário, é crucial que o mercado de trabalho e a sociedade como um todo reconheçam e valorizem o potencial dos jovens. Algumas medidas podem ser tomadas para facilitar a entrada deles no mercado de trabalho e aproveitar ao máximo suas capacidades.
Educação técnica e profissionalizante deve ser valorizada e incentivada, proporcionando aos jovens as habilidades necessárias para se destacarem em suas carreiras. Iniciativas de mentoria e networking também são importantes para ajudar os jovens a construírem conexões profissionais.
Implementar e expandir programas de estágio e aprendizagem é uma forma eficaz de proporcionar experiência prática. Esses programas permitem que eles adquiram habilidades no ambiente de trabalho enquanto ainda estão estudando, preparando-os para futuras oportunidades de emprego.
Nesse sentido, enquanto vereador consegui contribuir com políticas públicas para estimular a contratação de jovens, mas sei que para a mudança ocorrer de fato precisamos aprofundar a discussão para que a sociedade e o mercado entendam a importância de integrar a juventude.
A entrada dos jovens no mercado de trabalho é uma questão complexa que envolve vários fatores inter-relacionados. A falta de experiência, a educação inadequada, a discriminação etária e a ausência de redes de contato são barreiras significativas que precisam ser abordadas de maneira integrada e estratégica. Ao proporcionar mais oportunidades e apoiar os jovens, não só ajudamos a resolver o problema do desemprego, mas também fomentamos a inovação e o crescimento econômico.
É hora de mudar essa realidade, afinal competência não tem idade.

Péricles Régis

“O cara das vagas”, como é conhecido, é criador do Parceria Social de Empregos, projeto social de compartilhamento de vagas que já ajudou cerca de 100 mil pessoas a se recolarem no mercado de trabalho. Péricles Régis está em seu segundo mandato como vereador em Sorocaba. Eleito por duas vezes com campanhas custo zero, abdicando inclusive do fundo eleitoral, tem forte atuação em articulações de políticas públicas para geração de emprego, estímulos ao empreendedorismo, qualificação profissional e educação política.