@hassanhajila
Desta vez foi preciso desembaçar, quase desembaralhar. O clima quente, confortável, levemente úmido, acolhedor. Era propício o encontro.
A esse ponto já estávamos tão perto, consegui tocá-la. De leve. Mesmo que não a sentisse.
Me aproximo um pouco mais. A respiração lenta denuncia o que viria. Desta vez, consigo notar detalhes, retalhos. Fixo, fito o olhar. O olhar…
Seria o mesmo? Muitas vezes apaixonante, em outros, distantes.
Nos encontramos quando posso, quando quero, quando dou conta de ser encarada, desnudada. Nos conhecemos de fato faz pouco tempo, mas, convivemos…Hum. Deixe-me pensar!
O suficiente para olhar avante, adiante e quando tenho coragem, virar o pescoço de leve, olhar pelo canto dos olhos, ser ousada e tentar enxergar o caminho, suas escolhas, os movimentos, as músicas que foram impressas na pele por dentro.
A Vida anda passando.
A Vida anda. Muitas vezes, dança.
Oras a abraça, oras a arregaça.
Anda ousada, passando a mão sem dó.
Arranhando. Riscando.
Deixando marcas.
Desta vez decido olhá-la mais, abaixo os olhos devagar e vejo traços, pedaços marcados, mapeados. Por decisões, paixões desenfreadas e freadas, textos escritos por dentro, linhas, desassossegos que rogam e regam a alma nesta travessia!
Tantos porquês.
EnvelheSer tem disso.
Reconsiderar o ar, o andar, a escuta e a fala.
Estar entre vírgulas, construir um sujeito simples, uma oração sem pressa.
Com preces. Uma ode desajustada à Vida.
Com interrogações, exclamações, ponto e vírgula, ponto e até chegar o dia do ponto final.
– Ô, Vida, por gentileza, me toque devagar.
*
*
Dedico essas palavras, linhas e pontos às Mulheres com as quais eu canto e danço, por aí e por aqui. As quais como eu, movimentam a Vida, e se movimentam na Vida, com e sem medida!
