Maternidade Real

13 de dezembro de 2022

Pais separados e as comemorações de final de ano

Me lembro muito bem da angústia e do quanto chorei no primeiro ano que passei o ano novo longe dos meus filhos, mas nada se compara à tristeza que senti quando passei o primeiro natal como mãe de três junto à minha família sem os meus dois filhos mais velhos comigo. Maya tinha menos de 20 dias de vida e tudo o que eu mais queria era que os três estivessem debaixo da minha asa naquele natal. Mas não foi assim. E eu chorei meses antes por saber que não seria.

O jeito foi me reinventar. Fiz uma ceia de natal com mesa decorada e tudo pra nós (detalhe é que ceiamos esfihas a pedido deles) e vestimos roupas bonitas, abrimos presentes, etc. Eles amaram! Tiveram dois natais. Eu fingi estar satisfeita mas na noite do dia 24, na casa da minha irmã, eu senti uma tristeza e um vazio por não tê-los ali. Disfarcei pra não acabar com a noite de natal e guardei só pra mim aquela e muitas outras cenas de saudades dos meus filhotes em momentos especiais.

Ônus e bônus. Apesar de eu ser feliz demais pelo pai maravilhoso que meus filhos têm e por fazermos guarda compartilhada, o que me permite ter sanidade mental (ao menos um pouco), o ônus é não poder tê-los comigo em 100% dos momentos que eu desejo.

Ainda que não tragamos para a consciência, o inconsciente sabe que final de ano mexe com nossas emoções, com traumas, com lembranças de infância (boas e ruins), com esperança… Minha terapeuta me alertou isso em 2019 e mesmo alertada eu não escapei da angústia e de muitas lágrimas.

Seja lá qual a configuração que você vai passar nas festas de final de ano, caso você também seja divorciada (o), poupe seus filhos das “tretas” dos adultos. Eles são os únicos que não merecem pagar pelas nossas decisões e principalmente pela nossa imaturidade. Então finja ser madura(o)! Não exponha aos filhos suas tristezas e frustrações, especialmente se seu sonho era passar um “Natal Família Margarina” e vai passar sozinha(o). Faça todo o possível para seus filhos terem boas recordações dessas datas (contigo ou sem tigo). O que realmente importa é que eles fiquem bem porque você tem (ou deveria ter) mais repertório emocional para lidar com frustrações, portanto, tome essa atitude altruísta de colocar o bem-estar de quem você ama acima do desejo de falar mal do genitor (ou da mãe) dele.

“Fake until you make it”. Finja estar bem até estar! Procure algo que te faça curtir essa data para vibrar aos filhos a alegria que eles merecem sentir. Curta a solitude se preferir ou então vá passar o natal com os amigos. Fique bem! Eles merecem e você também!

Ana Garbulho

Mãe do Bru, da Mel e da Maya, Obstetriz, consultora internacional em aleitamento humano, laserterapeuta, empreendedora, mulher, namorada do Má, apaixonada por vôlei e mais recentemente por Beach Tennis.