(Foto de Mathieu Stern na Unsplash)
Correndo atrás do meu prazo de entrega atrasado para esta coluna (obrigada pela paciência, equipe do Portal Sorocaba.com! Vida de empreendedora solo é uma loucura 👀), me deparei hoje com um post da psicóloga Lavínia Palma→ que trouxe a sacada que estava faltando para eu conseguir concluir este texto.
Vou começar citando uma parte do conteúdo deste post→. Mas recomendo fortemente que você clique no link para visitar o perfil nela e ler o texto na íntegra.
“A palavra patrimônio vem do latim ‘patrimonium’, junção da palavra ‘pater’ (pai) e ‘monium’ (recebido). Portanto, em sua origem, o termo está ligado à ideia de herança, ou seja, patrimônio, como tudo aquilo que era deixado pela figura do pai e transmitido para seus filhos.
Já a palavra matrimônio seria junção de ‘mater’ (mãe) com ‘monium’ (recebido). Portanto, em seu sentido originário, matrimônio seria o conjunto de bens materiais e culturais pertencentes à linhagem feminina.
Em resumo, patrimônio é o conjunto de bens materiais e matrimônio se refere a casal, casamento.”
Eu não tenho aqui a intenção de julgar as escolhas das pessoas sobre se casar ou não. Formar família ou não. Cada um sabe de si e o casamento funciona bem para muita gente.
Mas não é curioso buscar a origem dessas duas palavras e perceber que a ideia de patrimônio está ligada ao homem? E a de matrimônio, à mulher?
Nos tempos atuais, me parece bastante sem sentido pensar que dinheiro é assunto de homem e casamento, de mulher. E para você? Como essa ideia te bate?
O que eu posso dizer, como especialista em grandes projetos de educação financeira, é que dinheiro traz liberdade e autonomia para que as mulheres também possam fazer suas próprias escolhas de vida, assim como os homens. Dentro ou fora de um casamento.
Prefiro adotar a linha que falar tanto sobre dinheiro, quanto sobre casamento e família é assunto para qualquer pessoa que tenha essas vivências. Independente do seu gênero.
Mas um aspecto do qual não dá para fugir é que quando um casal decide compartilhar a vida, uma hora ou outra será necessário falar sobre a organização financeira da família.
E, para isso, não existe receita pronta, já que cada dupla vai funcionar melhor de uma determinada forma, dentro de sua própria realidade.
Mas quero trazer hoje uma lista de 5 boas práticas financeiras que tendem a fortalecer a autonomia da mulher na administração do dinheiro do casal e na formação do próprio patrimônio. São elas:
- Fale sobre dinheiro sem tabu:
Uma frase que eu repito muito em praticamente todos os meus projetos de consultoria para meus clientes corporativos é que falar sobre dinheiro é falar sobre pessoas.
Tem gente que ainda acha que ter educação financeira é saber mexer bem em planilhas, mas não é bem assim.
Na hora de falar sobre dinheiro com alguém, mais importante que ser mestre dos números é ser mestre em empatia e delicadeza. Cada pessoa tem uma vivência diferente em relação ao dinheiro, que precisa ser respeitada e considerada, antes de qualquer outra coisa.
E não conheço outro jeito de colocar isso em prática que não seja através de um diálogo constante, honesto e muitas vezes difícil, não vou negar. Mas extremamente necessário.
- Mantenha uma conta bancária separada:
Planejadores financeiros divergem sobre essa recomendação técnica, mas eu, particularmente, acho bastante saudável que o casal tenha uma conta conjunta, para atender às demandas da casa e da família, mas mantenha contas individuais separadas.
As receitas de cada um (salário, aluguéis, rendimentos) são depositadas nas respectivas contas individuais e o casal combina quanto de dinheiro será transferido para a conta conjunta todos os meses.
A base para esse combinado dar certo é a transparência e a confiança. E eu já considero esses dois valores fundamentais para se construir qualquer relação saudável, seja amorosa ou financeira. E você?
Acredito que se um casal tem dificuldade em transitar entre a conta conjunta e as individuais, pode valer a pena investigar isso mais a fundo. Talvez até em um espaço terapêutico.
Esse desencontro pode ser um sinal de um problema maior no relacionamento, que vai muito além de uma simples dificuldade prática de organizar o dinheiro da família.
- Divida despesas proporcionalmente
Essa também é uma recomendação que gera divergências entre planejadores financeiros e pode não funcionar para algumas dinâmicas específicas. Mas, em uma análise genérica, acredito que a divisão proporcional de despesas tende a ser mais justa para as mulheres.
Na prática, isso significa que quem ganha mais pode contribuir com uma maior parte das despesas comuns, já que o estilo de vida da família é vivenciado em conjunto.
Só não vale esquecer aqui de considerar o trabalho não remunerado, exercido em grande parte pelas mulheres, como já falamos na minha coluna anterior →.
Em teoria, os cuidados da casa e dos filhos também deveriam ser distribuídos de forma igual entre mulheres e homens. Mas, sabendo que ainda não é isso o que acontece na maior parte das casas, vale considerar esse aspecto na hora de dividir as despesas do casal proporcionalmente.
Quem trabalha mais cozinhando, limpando e cuidando dos outros, ainda mais sem receber nada por isso, pode contribuir com uma fatia menor nas despesas comuns da casa.
Ou até receber uma parcela do dinheiro da família para as suas próprias atividades de lazer e descanso, por exemplo, principalmente, se for a mulher quem ganha menos e tem menos tempo livre para suas atividades individuais.
- Defina metas conjuntas e individuais
Mudar de casa, viajar, trocar de carro, reformar a sala, pagar a faculdade das crianças. São várias as possibilidades de metas compartilhadas por um casal.
Entretanto, recomendo também que ambos, mas principalmente as mulheres, tenham também um espaço financeiro assegurado pelo casal para criar e alimentar suas metas de vida individuais, sejam elas quais forem.
Trago aqui o foco para as mulheres não porque eu ache que os homens não devem ter direito à sua individualidade. Acho que qualquer pessoa, independente de gênero, precisa ter seu espaço próprio, principalmente quando decide compartilhar a vida afetiva e financeira com alguém.
Mas, como a própria origem da palavra matrimônio já nos mostrou ali em cima, ainda existe uma maior tendência de as mulheres colocarem seus objetivos individuais em segundo plano para priorizar os objetivos do parceiro ou da família.
Essa renúncia não é necessariamente um problema, já que sabemos que o dinheiro é um recurso limitado e que precisamos fazer escolhas, ainda mais quando vivemos em família.
Entretanto, na hora de decidir as prioridades financeiras do casal, vale avaliar se não são sempre as metas individuais da mulher que acabam ficando para depois.
É muito saudável que a mulher também forme seu patrimônio individual, mesmo quando vive dentro de uma relação. Dessa forma, preserva sua autonomia e liberdade de escolha.
- Dêem o exemplo para as crianças
Não sei se você notou que os verbos das quatro dicas anteriores estão no singular. Nesta quinta e última dica, entretanto, coloquei o verbo no plural de propósito, já que estamos falando de uma responsabilidade que, normalmente, faz parte do pacote do matrimônio.
Apesar de já termos descoberto no início deste texto que a palavra “matrimônio” deriva da palavra “mãe”, os tempos hoje são outros. E a criação dos filhos deve ser uma responsabilidade compartilhada pelo casal.
Crianças aprendem pelo exemplo. Isso vale para valores, para hábitos, para lidar com emoções e também para realizar tarefas concretas, como saber usar o dinheiro.
Um casal que constrói uma relação financeira saudável tem mais chances de criar crianças que também vão se relacionar bem com o dinheiro quando chegarem na fase adulta. Tanto na vida individual, quanto na compartilhada com outras pessoas.
E aí? O que achou dessas dicas? Qual delas faz mais sentido para você? E qual menos?
Te convido a visitar o meu perfil no Instagram para continuarmos essa conversa: @repenseria
Até a próxima coluna!