Quando paramos para querer os quereres que nos evocam, ali, neste lugar parado, os acontecimentos prenunciam as suas “querências”.
…
Corpo acomodado e a trilogia rabiscada por mim começando a ser costurada.
Comecei com Sofia Coppola, Priscilla. E olhar para Priscilla que foi de Presley e seguir seu olhar ao longo de uma hora e cinquenta minutos, acompanhar seus tons adolescentes em desenvolvimento sendo influenciados e roubados, sendo construídos percorrendo e se apropriando de seus tons pastéis, movimentos delicados que após incessantes choros culminam à um desfilar sem olhar para trás ao som de “I will always love you”, “We both know I’m not what you, you need” (Pois ambos sabemos que eu não sou o que você precisa), foi olhar para o lado, para dentro. Desconforto. Amadurecimento. História sensível. Moldada para ele, por ele e por meio dele. Para a sua glória. Uma liberdade tolhida, vigiada em nome do amor, claro, dele por ele. Priscilla leva dele, o necessário.
Celie, convoca!
O tempo todo.
Em todos seus minutos que compuseram suas duas horas e vinte e um minutos de Blitz the Ambassador, baseado no livro de Alice Walker.
Cores púrpuras e uma estética delicada, suave e forte. Relatos de vivências regadas a muita dor. Acordes do Jazz, do Soul. Uma releitura do abuso, perdas abandono e solidão feminina.
Cartas escritas de quereres intrínsecos de uma Mulher afro-americana externados e advindos de abusos paternos por grande parte de seus dias, não diferente quando se junta ao marido. Apenas se intensifica. Uma voz cantada não ouvida. Um desejo aplacado. Uma garganta cessada. Um tom que ganha força, quando encontra e é encontrada e acolhida por uma Mulher, um grupo de Mulheres que ao longo da obra vão surgindo e juntas se estruturam para conquistarem e se apropriarem de si e seus espaços já sendo tecidos por dentro. Cada uma no seu tempo. Conquistado e permitido.
Celie constrói sua liberdade de suas epifanias românticas e anulação da identidade. Sozinha. Junto.
Bella atrai.
As duas horas de Yorgos Lanthimos param o tempo.
Um inconsciente exposto. Enquanto Victória histérica e grávida, um corpo lançado e roubado quando tem seu desejo de morte abraçado por uma grave crise de depressão é tolhido e roubado. Renascido. Corpo de mulher. Estrutura psíquica infantil. De neurótica à perversão (polimorfa à estrutural, do qual desconhece o processo de castração). Pulsões na fase fálica. Risos do inconsciente extravasados. Presente alargado. Satisfação. Imediatismo. Conformismo.
Três mulheres. Quatro mulheres. Muitas mulheres. Gozos. De certas e muitas formas, capturados. Finais que transparecem…
Corpos construídos que construíram e conquistaram muitos movimentos dentro de uma dança, canto e música, desde sempre, em toda parte, mas que sabem que ainda tem muito a se movimentar. Muitos destes movimentos são simples. Sutis. Potentes. Singelos. Fortes. Complexos. São movimentos. Corpos que lutam. Coexistem.
Movimentemo-nos, pois.