O que podemos dizer sobre a 11ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos, que mal terminou e já deixou saudades? Foram cinco dias intensos de muitos (re)encontros e amor pela nona arte!
Não temos dúvidas de que essa edição entrou para a história. Ela foi repleta de momentos incríveis, como a presença dos autores Fabién Toulmé, Chloé Cruchaudet e Inês Peixoto, além dos tradutores Érico Assis e Renata Silveira.
Inês Peixoto se reuniu com Eduardo Moreira e Teuda Bara, fundadores do Grupo Galpão, no debate “Quadrinhos na ribalta: Os desafios de dialogar quadrinhos com teatro”. Juntos eles falaram sobre os os desafios e dificuldades encontradas na adaptação da peça Os Gigantes da Montanha, escrita por Luigi Pirandello, para os quadrinhos.
A graphic novel Os Gigantes da Montanha, publicada pela Nemo, foi idealizada e roteirizada por Inês Peixoto e ilustrada por Carlos Avelino e Bruno Costa. Durante a conversa, Inês contou que a ideia surgiu após uma apresentação do grupo em São Paulo, quando Carlos Avelino desenhou os personagens da peça e enviou as ilustrações para o Grupo Galpão.
Os desenhos se tornaram uma primeira página, depois uma boneca e então uma parceria com a Nemo. “Passamos por um processo artístico de entender as paisagens, a transposição da obra. Tem um trabalho muito bonito de respeito ao Pirandello”, contou Inês.
Os tradutores Érico Assis e Renata Silveira participaram da mesa “Tradução, traição?”, ao lado de Dandara Palankof e Aline Zouvi. Na conversa, eles discutiram os desafios da tradução nos quadrinhos, que vão desde fazer o texto caber dentro do balão a traduzir onomatopeias e trazer referências de uma forma mais fluida.
“Tem uma frase que diz que o tradutor não tem a possibilidade de fazer melhor, tem a obrigação de fazer melhor. Você tem mais acesso a críticas daquela obra, e a internet melhorou para pesquisa. Então você tem a obrigação de fazer melhor do que uma versão anterior”, disse Érico.
Fabien Toulmé esteve presente no Festival Internacional de Quadrinhos! O autor de Não era você que eu esperava, Duas Vidas, A odisseia de Hakim e Suzette, participou da mesa “Conversa em quadrinhos: narrativas intimistas”, mediada por Gabriel Nascimento.
Em um bate-papo descontraído, Fabien falou sobre sua relação com os quadrinhos, início de carreira e sobre cada uma de suas obras já publicadas. Sobre Suzette – Ou o grande amor, seu último lançamento no Brasil, o autor contou como surgiu a ideia para a graphic novel, que conta a história de Suzette, uma senhora de 80 anos, que acaba de perder o marido e parte em uma viagem com a neta, que vive a primeira experiência de uma vida a dois.
“Tudo começou com essa sensação de que a maneira como a gente vê os casais mudou drasticamente. Eu queria confrontar essas visões por meio do encontro entre as personagens – e como cada uma vai ensinar a outra a evoluir, avó e neta se ensinando”, disse.
Chloé Cruchaudet também está entre os destaques do Festival Internacional de Quadrinhos! A autora de Degenerado participou de duas mesas durante sua passagem pelo evento. A primeira teve o tema “Quadrinhos e transmídia: animação e outros registros”, na qual Chloé falou sobre desafios de se adaptar um quadrinho para outras mídias.
Na segunda mesa, cujo tema era “Conversa em quadrinhos: ficção histórica”, Chloé Cruchaudet falou sobre suas obras e a presença da ficção histórica nos seus trabalhos.
“Meu objetivo é criar imersão na leitura, e o próprio leitor, na sua cabeça, vai preencher lacunas. (…) Para mim, quadrinhos é a arte mais maravilhosa do mundo, que faz com que o leitor participe ativamente do processo”, contou.