Caro senhor Jair Messias Bolsonaro.
Ontem, dia 07 de setembro de 2022, minha rede social estava verde e amarela.
Por um motivo que para mim não é nada óbvio, tenho certa aversão a cada pessoa que aparece com a cara pintada. As camisetas da seleção brasileira me parecem um insulto e se eu ver um ser atravessando a rua entrelaçado com a bandeira do M-E-U P-A-Í-S, eu dobro a esquina.
Não gosto mais de cantar o hino. Passei a ser seletiva com as pessoas e olha, Sr. Presidente, que eu gosto muito de gente.
Eu, que sempre defendi com cada milímetro do meu corpo a diversidade ideológica e a democracia, por questão de sanidade, tenho escolhido a minha bolha. E na minha bolha. Senhor Presidente, não entra a MINHA BANDEIRA.
Mas, me contradito. Faço um debate em monólogo. Crio uma lista infindável de perguntas a mim mesma para sair dessa emboscada “polarizada”.
Poderia o Senhor, justo o Sr, me fazer ter repulsa da minha própria gente? Poderia o Sr. me fazer conjugar generalidades e repudiar uma crença ideológica? Poderia o senhor se tornar dono do verde da nossa mata? E do amarelo de Leopoldina, cujo símbolo poderia ser facilmente atrelado ao feminismo?
– Não, Sr. Presidente!
E já que vidas não se devolvem…
Ao menos me devolva a bandeira.