Elos, Fatos & Afagos

7 de novembro de 2023

Un tango eterno con la ciudad de la furia.

Fotos tiradas por mim em quase todos os momentos descritos no texto.
Foto da puente de la mujer tirada pela minha amiga/socia: @caanatal.
Modelo Perro: @atuk_blanch

“argentina, no lo entenderías”.

A primeira vez que pisei na argentina, carregava um “corazón roto” no lado esquerdo e outro no direito.

Sim, dois corações quebrados. Um que vivia dentro de mim e o outro que embora não fosse meu, bombeava de alguma forma a sua dor.

Foi uma viagem completamente despreparada. Uma das minhas melhores amigas acabava de romper um relacionamento e meu conselho foi resumido em “vamos comprar uma passagem aérea”.

1 semana antes de embarcar, estávamos com uma passagem, um espanhol inexistente e sem um puto no bolso. Sin planes, sin plata, sin nada.

Desconfio que o acaso gosta do tipo de gente assim, que se entrega a casualidade. É como se ele fosse um menino levado que gostasse de truques, e se você confia no seu jogo, ele te abraça com a sua melhor mágica.

O acaso me presenteou “con la ciudad de la furia”.

Poderia dizer que seguiu sendo apenas um encontro casual, mas Buenos Aires tem um “q” de amor maduro, de vinho de alta reserva, que não combina com casualidade. Buenos é daqueles amores que desafiam o tempo. E eu amo desafios.

Uma cidade escorpiana. Densa, profunda e hipnótica.

Exala álcool e poesia.

Tudo que meus olhos tocam naquela cidade poderia facilmente ser enquadrado para um museu de arte. fotografo mentalmente cada vez que ela passa as unhas na minha pele e me crava coisas bonitas:

– o músico que fecha os olhos e ergue a cabeça para os céus quando a música entra;

– o casal jovem tomando um vinho em um nítido primeiro encontro onde a boca devorava não só a massa que estava exalando no prato, mas também percorria telepaticamente o corpo um do outro;

– o moço com camiseta branca e boina cinza, com seu livro, que parecia sair de um filme retrô;

– o jogo de luz da puente de la mujer que coloria o meu cabelo de rosa;

– a senhora brincando de se camuflar nos quadros do Malba;

– o sorriso do cachorro enquanto o vento esbofeteava a sua carinha com amor;

– a moça devorando o seu sorvete favorito, que parecia comer não somente um sorvete, como a vida.

–  a dançarina a riscar seu salto tanguista no chão como quem escreve um amor no solo.  

– a senhora sentada em um banco de uma praça bonita, que mesmo com tanta chuva não desistiu da vista. Permaneceu no mesmo banco, imóvel e na minha frente e como quem mostra que tempestades nem sempre mudam o curso das coisas: abriu o seu guarda-chuva e se entregou ao tempo;

– a comida porteña que coloria a mesa e matava a fome dos meus olhos.

– a poesia no poste, na parede, na porta do banheiro de um bar qualquer que fazia nota do meu coração;

– a magia da cidade da fúria que parece estar fundida em cada cena. Que é maestra da minha orquestra, cineasta de todos os encontros e que entre muitas coisas:

é meu eterno tango.

[…]


El acaso me ha regalado con la ciudad de la furia.

Podría decir que siguió siendo solo un encuentro casual, pero Buenos Aires tiene una “q” de amor maduro, de vino de alta reserva, que no combina con casualidad. Buenos es uno de esos amores que desafían el tiempo. Y me encantan los desafíos.

Una ciudad escorpiana. Densa, profunda e hipnótica.

Exhala alcohol y poesía.

Todo lo que mis ojos tocan en esa ciudad podría fácilmente ser enmarcado en un museo de arte.  Fotografío mentalmente cada vez que ella pasa las uñas en mi piel y me clava cosas bonitas:

– el músico que cierra los ojos y levanta la cabeza hacia el cielo cuando entra la música;

– la pareja joven tomando un vino en un primer encuentro donde la boca devoraba no solo la masa que estaba exhalando en el plato, sino también recorría telepáticamente el cuerpo del otro;

– el hombre con camiseta blanca y boina gris, con su libro, que parecía salir de una película retro;

– el juego de luces de la (luces del) Puente de la Mujer que coloreaba mi pelo de rosa;

– la señora jugando a camuflarse en los cuadros de Malba;

– la sonrisa del perro mientras el viento abofeteaba su carita con amor;

– la chica devorando su helado favorito que parecía comer no solo un helado sino también la vida;

– La bailarina rayando su tacón tanguista como quien escribe un amor en el suelo;

– la señora sentada en un banco de una plaza bonita, que incluso con tanta lluvia no ha abandonado la vista. Permaneció en el mismo banco, inmóvil y frente a mí y como quien muestra que tempestades no siempre cambian el curso de las cosas: abrió su paraguas y se entregó al tiempo;

– la comida porteña que coloreaba la mesa y mataba el hambre de mis ojos.

– la poesía en el poste, en la pared, en la puerta del baño de un bar cualquiera que hacía nota de mi corazón;

– la magia de la ciudad de la furia que parece estar fundida en cada escena. Que es Maestra de mi orquesta, cineasta de todos los encuentros y que entre muchas cosas:

es mi eterno tango.

Fernanda Padilha

Advogada, professora, especialista em Direito de Família e Sucessões e Doutoranda em Direito Civil pela Universidade de Buenos Aires, Argentina.

Escritora do Projeto Cultural Útero (Projeto aprovado pela Administração Pública Municipal e que tem como objetivo abordar pautas feministas de forma artística).

Amante da arte e defensora dos emocionados. Acredita no poder desmistificador das palavras e na força revolucionária do afeto.

  fernanda.padilha.ppndadvogados@gmail.com